A formação dos Estados Nacionais aconteceu no período da história europeia compreendido na Baixa Idade Média (Séculos XI a XIV), onde após a fracassada pretensão da Igreja de Roma de unificar o continente sob sua batuta, os diferentes povos europeus começaram a unir-se em torno de um grande líder, que fosse mais forte que os líderes regionais para unificar as diferentes e fragmentadas regiões que formavam a "colcha de retalhos" que era o mapa europeu da época.
Com essa nova configuração sócio-política, os reis passaram a assumir um perfil próximo ao do absolutismo, que teve seu auge com Luís XIV (o autor da famosa frase "o Estado sou eu"), e através desta força do monarca, subjugando os líderes locais é que o Estado Nacional moderno como conhecemos hoje pôde surgir.
Com exceção do Sacro-Império Romano Germânico e dos Estados Italianos, que continuaram mantendo uma estrutura medieval, ou seja, de fragmentação em mini-estados dentro de uma pseudo-coletividade até cerca do século XIX, toda a Europa seguiu gradualmente em direção à construção dos Estados modernos que conhecemos ainda hoje, sendo o primeiro deles Portugal, em 1140, resultado da reconquista cristã da Península Ibérica.
Importante notar que a burguesia da época deu o apoio decisivo para que os estados nacionais se formassem.
A força de líderes locais era um obstáculo deveras negativo para o desenvolvimento do comércio trans-europeu e das atividades financeiras, já que cada senhor local estabelecia suas próprias taxas, leis e regulamentações.
O poder centralizado obviamente interessava ao monarca, particularmente, pois a nova ordem trazia o seu fortalecimento político, uma maior atuação administrativa e uma maior independência do poder da igreja.
Assim, o rei podia livremente exercer dentro de seu reino suas convicções, ideias e valores, algo que antes da origem do Estado Nacional era tolhido pela ação dos líderes regionais. Assim, é natural que tenha ocorrido uma aliança entre reis e burguesia, pois a liberdade de ação que a nova situação proporcionava a ambos era extremamente vantajosa.
Para a consolidação de tal realidade fazia-se necessário a formação de umaburocracia política e administrativa, bem como a de um exército nacional, obra a ser financiada pelos impostos cobrados à população, além do financiamento proporcionado por ricos banqueiros e comerciantes. Com esses importantes financiamentos, esses capitalistas pioneiros tornam-se patronos do Estado, recebendo vantagens comerciais e alfandegárias, desse modo, uma classe apoiava-se na outra, garantindo a realidade que permitia a uma classe a existência da outra.
Do outro lado, os antigos senhores feudais locais começam a formar a classe da aristocracia, que, para manter o status quo, era virtualmente "sustentada" pelo monarca e pela burguesia, mantendo assim, o reino em paz, livre de conflitos internos. Tal situação transformava esses nobres numa classe parasitária, que de fato, em nada contribuía para o progresso social ou econômico do reino, vivendo às custas deste.
Tal contradição no sistema social do Estado Nacional iria entrar em crise por volta do século XVIII, época da Revolução Francesa e da independência norte-americana, onde a situação de parasitismo da nobreza causou uma situação insustentável, que drenava as riquezas do estado, mantendo a população em um estado de pobreza inaceitável, causando, enfim, a extinção do estado absolutista, com um monarca forte.
terça-feira, 12 de maio de 2015
A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
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