RESUMO:
Este texto apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a introdução a sociolinguística cujo objeto de estudo direciona-se ao pensamento de Labov na sociolinguística e as contribuições da sociolinguística para o processo ensino/aprendizagem. Serão abordados os fatores da língua enquanto interação social, em seu contexto sócio-histórico.
SOCIOLINGUÍSTICA E HISTÓRIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Há mais de duas décadas estudos sobre concordância verbal (CV) têm sido desenvolvidos por linguistas brasileiros motivados por preocupações diversas, mas que compartilham uma idéia comum que pode ser assim formulada: a realidade linguística brasileira não é apenas variável e heterogênea, mas também é plural, na medida em que no Brasil, coexiste, ao lado de uma variedade culta, padrão, uma outra variedade, dita não-padrão, popular, vernacular. Estudos sobre aplicação/não-aplicação da regra de concordância verbal no português não-padrão foram realizados por, entre outros, Lemle e Naro (1977), Naro (1981), Guy (1981), Bortoni-Ricardo (1981 e 1985), Assis (1988), Baxter e Lucchesi (1993), Mello (1996), todos eles baseados no pressuposto de que português popular brasileiro, ou não padrão, ou vernáculo brasileiro, é aquela variedade utilizada por brasileiros do mundo rural ou do mundo urbano, analfabetos ou de baixo nível de escolarização e letramento.
O PENSAMENTO DE LABOV NA SOCIOLINGUÍSTICA
CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL PARA O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre o pensamento de Labov, enquanto modelo sociolinguístico tem sido de grande importância para investigar dados sobre língua e fatores sócio-culturais, portanto são duas realidades que se interelacionam de uma forma que é impossível pensar na existência de uma sem a outra. Como a Sociolinguística foi desenvolvida em grande parte por William Labov (1969, 1972, 1983), permitiu o estudo científico de fatos linguísticos excluídos até então do campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de apreensão. Através de pesquisas de campo, a sociolinguística - inspirada no método sociológico - registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes falares, elegendo, assim, a variedade linguística como seu objeto de estudo. Sendo que a grande contribuição das idéias labovianas é, sem dúvida, o avanço dos estudos sociolinguísticos. Dentre esses avanços destaca-se a importância de estudar a língua como objeto de construção social, considerando a singularidade do ser humano, tanto como a língua, o respeito às variações sociais, regionais, geográficas, sem estigmas de "certo" e "errado" e sim, conferir a língua como o estudo do discurso enquanto expressão linguística e social no ato da comunicação.
REFERENCIAS
Este texto apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a introdução a sociolinguística cujo objeto de estudo direciona-se ao pensamento de Labov na sociolinguística e as contribuições da sociolinguística para o processo ensino/aprendizagem. Serão abordados os fatores da língua enquanto interação social, em seu contexto sócio-histórico.
INTRODUCÃO
Sociolinguística é a ciência que estuda a língua na perspectiva de sua estreita ligação com a sociedade onde se origina. Se para certas vertentes da linguística é possível estudar a língua de forma autônoma como entidade abstrata e independente de fatores sociais, para a sociolinguística a língua existe enquanto interação social, criando-se e transformando-se em função do contexto sócio-histórico. Desenvolvida em grande parte por William Labov (1969, 1972, 1983), a sociolinguística permitiu o estudo científico de fatos linguísticos excluídos até então do campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de apreensão. Através de pesquisas de campo, a sociolinguística - inspirada no método sociológico - registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes falares, elegendo, assim, a variedade linguística como seu objeto de estudo.A sociolinguística estuda a variedade linguística a partir de dois pontos de vista: diacrônico e sincrônico. Do ponto de vista diacrônico (histórico), o pesquisador estabelece ao menos dois momentos sucessivos de uma determinada língua, descrevendo-os e distinguindo as variantes em desuso (arcadismos). Do ponto de vista sincrônico (mesmo plano temporal), o pesquisador pode abordar seu objeto a partir de três pontos de vista: geográfico (ou diatópico), social (ou diastrático) e estilístico (contextual ou diafásico). A perspectiva geográfica é horizontal, ou seja, implica o estudo dos falares de comunidades linguísticas distintas em espaços diferentes, mas em um mesmo tempo histórico. Os dialetos ou falares dessas comunidades produzem os regionalismos. Os estudos de caráter geográfico distinguem uma linguagem urbana - cada vez mais próxima da linguagem comum - de uma linguagem rural, mais conservadora, isolada, em gradual extinção devido em grande parte ao avanço dos meios de comunicação, que privilegiam a fala urbana.A perspectiva social é vertical, ou seja, implica o estudo dos falares de diferentes grupos dentro de uma mesma comunidade. Os falantes são agrupados principalmente por nível sócio-econômico, escolaridade, idade, sexo, raça e profissão. Desta perspectiva, observa-se e analisa-se a distinção entre um dialeto social/culto (considerado a língua padrão) - que é preso à gramática normativa, a língua ensinada nas escolas e que está em estreita conexão com o uso literário do idioma e com situações de fala mais formais - e um dialeto social/popular (considerado subpadrão) - mais ligado à linguagem oral do povo e às situações menos formais de comunicação.Sob a perspectiva estilística, por sua vez, o pesquisador estuda o uso que um mesmo falante faz da sua língua. Considera que o falante realiza suas escolhas influenciado pela época em que vive, pelo ambiente, pelo tema, por seu estado emocional e pelo grau de intimidade entre interlocutores. Tais fatores determinam a escolha do registro (ou nível de fala) a ser utilizado pelo falante quanto a: grau de formalismo (uso mais ou menos formal da língua); modo (língua falada ou escrita); e sintonia (maior ou menor grau de tecnicidade, cortesia ou respeito à norma, tendo-se em vista o perfil do interlocutor).
SOCIOLINGUÍSTICA E HISTÓRIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Há mais de duas décadas estudos sobre concordância verbal (CV) têm sido desenvolvidos por linguistas brasileiros motivados por preocupações diversas, mas que compartilham uma idéia comum que pode ser assim formulada: a realidade linguística brasileira não é apenas variável e heterogênea, mas também é plural, na medida em que no Brasil, coexiste, ao lado de uma variedade culta, padrão, uma outra variedade, dita não-padrão, popular, vernacular. Estudos sobre aplicação/não-aplicação da regra de concordância verbal no português não-padrão foram realizados por, entre outros, Lemle e Naro (1977), Naro (1981), Guy (1981), Bortoni-Ricardo (1981 e 1985), Assis (1988), Baxter e Lucchesi (1993), Mello (1996), todos eles baseados no pressuposto de que português popular brasileiro, ou não padrão, ou vernáculo brasileiro, é aquela variedade utilizada por brasileiros do mundo rural ou do mundo urbano, analfabetos ou de baixo nível de escolarização e letramento.
O PENSAMENTO DE LABOV NA SOCIOLINGUÍSTICA
Na década de sessenta surgiram os primeiros resultados das pesquisas de Labov sobre as relações entre linguagem e classe social, e sobre as variedades do inglês não-padrão que eram usadas por diferentes grupos étnicos dos Estados Unidos, particularmente por negros e porto-riquenhos da cidade de Nova Yorque. Dedicando-se à pesquisa sociolingüística, seguindo um modelo quantitativo, e preocupado especialmente com a descrição das variações linguísticas numa mesma comunidade de fala, Labov insistiu repetidas vezes nas contradições entre os resultados de suas pesquisas e a teoria da deficiência linguística, ele dedicou a lógica que atribuía à privacidade linguística que eram as dificuldades de aprendizagem, na escola, das classes menos favorecidas. A comunidade de fala não se define por nenhum acordo marcado quanto ao uso dos elementos da língua, mas, sobretudo pela participação num conjunto de normas estabelecidas. Tais normas podem ser observadas em tipos claros de comportamento avaliativo e na uniformidade de modelos abstratos de variação, que são invariantes com relação aos níveis particulares de uso. (Labov, 1968).
Assim, para Labov, a forma em que o indivíduo se expressa não deve ser aplicada a um grupo de falantes que utilizam, mas sim a um grupo seguidor das mesmas normas relativas ao uso da língua. Como por exemplo: uma comunidade de idosos não pertencem a mesma comunidade dos mais jovens, pois o vernáculo é propriedade de um grupo, não de um indivíduo sozinho.Todavia, Labov não aceita o conceito de deficiência linguística, que considera um "muito" sem nenhuma base na realidade social como, por exemplo, a afirmação de que as crianças das periferias vivem num contexto de privação linguística onde recebem pouca estimulação verbal, ouvem uma linguagem mal estruturada e, por isso, são capazes de tornarem linguisticamente deficientes, é inteiramente falsa; ao contrário afirma o próprio Labov, que as crianças das periferias recebem multa estimulação verbal e essas afirmações são documentadas em pesquisas por ele e outros pesquisadores linguistas.Portanto, ao reconhecer a variação dos fatos linguísticos, a sociolinguística abre perspectivas para a compreensão da variação de outros fatos, como, por exemplo, na abordagem sobre a norma linguística. Quando falamos de norma padrão, estamos falando negando a heterogeneidade da língua e abstraindo a língua, homogeneizando-a para evitar o trabalho de lidar com fatos variáveis. Pois a língua não é uma abstração ao contrário ela é tão concreta quanto ao seres humanos. A partir dos estudos de Labov e dos postulados de Weinreich, Labov e Herzog (1968), surge a Sociolinguística Variacionista, conhecida também como Teoria da Variação e Mudança, tendo por objetivo descrever a variação e a mudança linguística, levando em consideração o contexto social de produção, observando o uso da língua dentro da comunidade de fala, e utilizando um método de análise quantitativa dos dados obtidos a partir da fala espontânea (na medida em que isso é possível) dos indivíduos, ou seja, do vernáculo, estilo em que o mínimo de atenção é dado ao monitoramento da fala (Labov, 1972, p. 208).Willian Labov ocupou-se com estudos voltados para a relação entre língua e sociedade, com a intenção de sistematizar as variações existentes na língua falada por meio de pesquisas que consideram fatores extralingüísticos, tais como classe social, idade, sexo, escolaridade, entre outros que pudessem demonstrar a interdependência entre o conteúdo lingüístico dos falantes e o meio social em que vivem.Essa concepção se consagrou a partir de sua primeira pesquisa, realizada em 1963, na Ilha de Martha's Vineyard, no Estado de Massachusetts (EUA), na qual passou a investigar sobre o inglês falado naquela ilha, constatando por meio da Teoria da Variação, e utilizando um método, até então inédito, para ressaltar o papel crucial dos fatores sociais na explicação da variação linguística: o método teórico-metodológico, que propõe analisar e interpretar os fenômenos linguísticos no contexto social por meio de estatísticas.Segundo Labov (1983), a variação existe em todas as línguas naturais humanas, é inerente ao sistema linguístico, ocorre na fala de uma comunidade e, inclusive, na fala de uma mesma pessoa. Isto significa que a variação sempre existiu e sempre existirá, independente de qualquer ação normativa. Assim, quando falamos em Língua Portuguesa estamos falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. E mesmo havendo no Brasil uma aparente unidade linguística e apenas uma língua nacional, é possível observar variação em diversos níveis da estrutura linguística.Para compreender esses diversos niveis da estrutura linguística, há três termos importantes para a sociolinguística que devem ser estudado e que podem ser facilmente confundidos entre si:Variedade - a variedade é o termo que corresponde ao termo dialeto. Assim, por exemplo, as variedades do português setentorial são os dialetos do português falado no norte de Portugal. A variedade standard é o padrão linguístico de uma comunidade. Sociolinguisticamente, é comum encontrar a variedade standart junto dos centro de decisão e de poder de uma comunidade. Assim, em Portugal, a variedade standart é a falada na região de Lisboa. Contudo, na comunidade linguística do Brasil a variedade standart está associada às variedades de várias capitais estaduais. Cada variedade linguística tem uma gramática própria igualmente válida. Dentro de cada grupo sociais com traços proprios de varieade linguística há variações internas em função dos vários critérios: idade, sexo, escolaridade, etc.Variante - o termo variante é utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o item linguístico que é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética a variante é o alofone. Representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na linguística geral, o termo variante dialetal é usado como sinónimo de dialeto.Variável - a variável é o traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes observadas pelo investigador.
Assim, para Labov, a forma em que o indivíduo se expressa não deve ser aplicada a um grupo de falantes que utilizam, mas sim a um grupo seguidor das mesmas normas relativas ao uso da língua. Como por exemplo: uma comunidade de idosos não pertencem a mesma comunidade dos mais jovens, pois o vernáculo é propriedade de um grupo, não de um indivíduo sozinho.Todavia, Labov não aceita o conceito de deficiência linguística, que considera um "muito" sem nenhuma base na realidade social como, por exemplo, a afirmação de que as crianças das periferias vivem num contexto de privação linguística onde recebem pouca estimulação verbal, ouvem uma linguagem mal estruturada e, por isso, são capazes de tornarem linguisticamente deficientes, é inteiramente falsa; ao contrário afirma o próprio Labov, que as crianças das periferias recebem multa estimulação verbal e essas afirmações são documentadas em pesquisas por ele e outros pesquisadores linguistas.Portanto, ao reconhecer a variação dos fatos linguísticos, a sociolinguística abre perspectivas para a compreensão da variação de outros fatos, como, por exemplo, na abordagem sobre a norma linguística. Quando falamos de norma padrão, estamos falando negando a heterogeneidade da língua e abstraindo a língua, homogeneizando-a para evitar o trabalho de lidar com fatos variáveis. Pois a língua não é uma abstração ao contrário ela é tão concreta quanto ao seres humanos. A partir dos estudos de Labov e dos postulados de Weinreich, Labov e Herzog (1968), surge a Sociolinguística Variacionista, conhecida também como Teoria da Variação e Mudança, tendo por objetivo descrever a variação e a mudança linguística, levando em consideração o contexto social de produção, observando o uso da língua dentro da comunidade de fala, e utilizando um método de análise quantitativa dos dados obtidos a partir da fala espontânea (na medida em que isso é possível) dos indivíduos, ou seja, do vernáculo, estilo em que o mínimo de atenção é dado ao monitoramento da fala (Labov, 1972, p. 208).Willian Labov ocupou-se com estudos voltados para a relação entre língua e sociedade, com a intenção de sistematizar as variações existentes na língua falada por meio de pesquisas que consideram fatores extralingüísticos, tais como classe social, idade, sexo, escolaridade, entre outros que pudessem demonstrar a interdependência entre o conteúdo lingüístico dos falantes e o meio social em que vivem.Essa concepção se consagrou a partir de sua primeira pesquisa, realizada em 1963, na Ilha de Martha's Vineyard, no Estado de Massachusetts (EUA), na qual passou a investigar sobre o inglês falado naquela ilha, constatando por meio da Teoria da Variação, e utilizando um método, até então inédito, para ressaltar o papel crucial dos fatores sociais na explicação da variação linguística: o método teórico-metodológico, que propõe analisar e interpretar os fenômenos linguísticos no contexto social por meio de estatísticas.Segundo Labov (1983), a variação existe em todas as línguas naturais humanas, é inerente ao sistema linguístico, ocorre na fala de uma comunidade e, inclusive, na fala de uma mesma pessoa. Isto significa que a variação sempre existiu e sempre existirá, independente de qualquer ação normativa. Assim, quando falamos em Língua Portuguesa estamos falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. E mesmo havendo no Brasil uma aparente unidade linguística e apenas uma língua nacional, é possível observar variação em diversos níveis da estrutura linguística.Para compreender esses diversos niveis da estrutura linguística, há três termos importantes para a sociolinguística que devem ser estudado e que podem ser facilmente confundidos entre si:Variedade - a variedade é o termo que corresponde ao termo dialeto. Assim, por exemplo, as variedades do português setentorial são os dialetos do português falado no norte de Portugal. A variedade standard é o padrão linguístico de uma comunidade. Sociolinguisticamente, é comum encontrar a variedade standart junto dos centro de decisão e de poder de uma comunidade. Assim, em Portugal, a variedade standart é a falada na região de Lisboa. Contudo, na comunidade linguística do Brasil a variedade standart está associada às variedades de várias capitais estaduais. Cada variedade linguística tem uma gramática própria igualmente válida. Dentro de cada grupo sociais com traços proprios de varieade linguística há variações internas em função dos vários critérios: idade, sexo, escolaridade, etc.Variante - o termo variante é utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o item linguístico que é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética a variante é o alofone. Representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na linguística geral, o termo variante dialetal é usado como sinónimo de dialeto.Variável - a variável é o traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes observadas pelo investigador.
CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL PARA O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM.
O estudo e o conhecimento advindo dessa corrente pode contribuir para melhorar a qualidade do ensino da Língua Portuguesa porque trabalha sobre a realidade linguística dos usuários dessa língua, levando em conta além dos fatores internos à língua (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica) também os fatores de ordem externa à língua (sexo, etnia, faixa etária, origem geográfica, situação econômica, escolaridade, história, cultura, entre outros). As pesquisas fundamentadas na sociolinguística educacional mostram que é possível desenvolver práticas de linguagem significativas, no sentido de incluir alunos oriundos das classes sociais menos favorecidas, fazendo com que esses alunos deixem de se sentir estrangeiros em relação à língua utilizada pela escola, e com isso consigam participar de forma satisfatória das práticas sociais que demandam conhecimentos linguísticos diversos. Diferentemente dos alunos oriundos das classes mais abastadas, cuja variedade de língua é também a variante de prestígio, e também a que é ensinada na escola, a maioria dos alunos das classes menos favorecidas além de ter que, praticamente, aprender uma nova língua, não tem sua variedade de língua valorizada e muito menos colocada como objeto de estudo na sala de aula. O que se observa é que, muitas vezes, os alunos usuários das variedades populares são discriminados em função da sua maneira de falar. Por outro lado, as dificuldades que esses alunos apresentam em relação às atividades linguísticas são tratadas como se estas ocorressem em função da falta de capacidade dos alunos, quando na verdade tais dificuldades estão relacionadas ao desconhecimento da escola em relação às variedades linguísticas existentes no Brasil, que tenta trabalhar a língua materna como se esta fosse algo estático, puro, homogêneo, uniforme ou até mesmo intocável como defendem muitos gramáticos. Na verdade, a Língua Portuguesa, como todas as outras línguas humanas, é para ser compreendida como um organismo vivo, heterogêneo, passível de variação e mudança, que sofre a influência de vários fatores linguísticos e não linguísticos. Isto significa que a nossa língua não está pronta, que não é neutra ou mesmo algo inerte que se possa colocar numa forma, mas algo que se encontra em permanente processo de variação, e que expressa a diversidade dos grupos sociais que a falam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos sobre o pensamento de Labov, enquanto modelo sociolinguístico tem sido de grande importância para investigar dados sobre língua e fatores sócio-culturais, portanto são duas realidades que se interelacionam de uma forma que é impossível pensar na existência de uma sem a outra. Como a Sociolinguística foi desenvolvida em grande parte por William Labov (1969, 1972, 1983), permitiu o estudo científico de fatos linguísticos excluídos até então do campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de apreensão. Através de pesquisas de campo, a sociolinguística - inspirada no método sociológico - registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes falares, elegendo, assim, a variedade linguística como seu objeto de estudo. Sendo que a grande contribuição das idéias labovianas é, sem dúvida, o avanço dos estudos sociolinguísticos. Dentre esses avanços destaca-se a importância de estudar a língua como objeto de construção social, considerando a singularidade do ser humano, tanto como a língua, o respeito às variações sociais, regionais, geográficas, sem estigmas de "certo" e "errado" e sim, conferir a língua como o estudo do discurso enquanto expressão linguística e social no ato da comunicação.
REFERENCIAS
MOLLICA, M. Cecilia; Maria Luiza Braga. Introdução à sociolingüística: o tratamento da variação - São Paulo: Contexto, 2004
LABOV,W. "Social stratification of English". Language 45: 315-29, 1969.Sociolinguistic patterns. University of Pennsylvania Press, Philadelphia, 1972.
MARCELLESI, J.B. e GARDIN, B. Introdução à sociolinguística. Lisboa, Aster, 1975.
PRETI, D. Sociolinguística. São Paulo, Edusp, 1994.
TARALLO, F. A pesquisa sociolingüística. São Paulo, Ática, 1985.
TRUDGILL, P. Sociolinguistics: an introduction. Great Britain, Penguin Books, 1974.
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