O sistema colonial implantado a partir do século XVI pelas potências marítimas européias teve por base a instalação de feitorias ou enclaves em territórios estrangeiros e a estruturação de sistemas de governo coloniais. Esse colonialismo, chamado contemporâneo (em contraponto com o moderno, que resultou na conquista do Novo Mundo) é fruto da revolução industrial européia e corresponde a um período de perda da hegemonia britânica no comércio internacional. Até então, detentora de uma supremacia industrial, marítima e colonial, a Inglaterra não via necessidade de anexar novos territórios para encontrar mercados.
Esse quadro começa a mudar com a expansão econômica de outras potências européias - França e Alemanha em especial – que sentem-se em condições de competir, e até suplantar, o modelo imperial inglês, através da utilização de novas técnicas oriundas do aprofundamento da revolução industrial (transportes marítimos a vapor, ferrovias, siderurgia...) e de uma concentração financeira e industrial.
Por outro lado, para além da ascensão dos países ocidentais ao estágio imperialista, ocorreu uma conjuntura extremamente favorável à extensão dos domínios coloniais: a decadência dos Estados africanos e asiáticos. Na África, a colonização desenvolve-se com a ocupação do interior a partir das iniciais feitorias e enclaves. A concorrência de impérios coloniais levou à codificação da partilha do continente africano, ocorrida durante a Conferência de Berlim, em 1884-85. A divisão estabelecida pelos europeus interferiu definitivamente no desenho dos território sobre os quais se ergueram os novos Estados africanos.
Ela não levou em conta as peculiaridades sociais e políticas locais, apenas refletiu o equilíbrio de forças predominante na Europa. Dessa forma, foram reunidos, num mesmo território, etnias rivais, ao mesmo tempo que nações inteiras foram desagregadas ao se tornarem parte de diferentes países, subordinadas a metrópoles distintas. A ocupação da África, feita essencialmente entre as últimas décadas do Século XIX e as primeiras do XX, só se tornaram efetivas após uma dura resistência africana, que exigiu inúmeras campanhas militares por parte dos europeus. O êxito dessas operações de guerra deveu-se, sobretudo, à superioridade técnica e ao armamento pesado dos exércitos europeus.
Realizada esta fase da ocupação - que seria contestada nas décadas de 20 a 40 por rebeliões camponesas de caráter messianico - as metrópoles adotaram diferentes políticas de colonização e formas de administração que não foram escolhidas somente pela vontade ou nível do desenvolvimento capitalista de cada potência. Estas terão também que levar em conta as características dos poderes políticos locais e as condições sócio-econômicas dos territórios, aí incluído os tipos de clima e solo.
Vale lembrar que a razão imediata da ocupação colonial não foi somente movida por interesses econômicos ligados à extração de matérias primas necessárias para o desenvolvimento da indústria européia. Em alguns casos as ocupações foram motivadas por interesses privados de certos grupos econômicos e ideológicos e também por interesses estratégicos, bem como pela preocupação de cada potência de se antecipar à outra na conquista de melhores posições no continente.
É também de notar que a ocupação colonial, até a Segunda Guerra mundial, acarretou poucos investimentos europeus. Assim sendo, a exploração, pelo colonialismo, das riquezas do continente africano fez-se as custas de uma violenta sobre-exploração dos africanos, especialmente dos camponeses. Ela teve assim um caráter impiedosamente predatório dos recursos humanos. Para melhor compreender o fenômeno colonial é necessário distinguir as formas de colonização que foram basicamente as de povoamento (europeu) e as de exploração ou enquadramento
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