segunda-feira, 25 de março de 2013

Tendências e processos novos na África - Albert A Boahen

As oito primeiras décadas do século XIX viram o desenvolvimento de um grande número de novas tendências e processos, se não por suas originalidades, pelo menos pela rapidez com a qual se impuseram, por sua amplitude e suas influencias. De fato, é esta característica tríplice que torna este período particularmente revolucionário e o apresenta como marco do fim da África antiga e o nascimento da África moderna. Tentaremos, neste capítulo, analisar essas novas tendências e processos, avaliar as suas influencias e determinar o curso que teria a História se não houvesse acontecido intervenção colonial europeia alguma, nas últimas décadas desse século e posteriormente.
 
NOVAS TENDÊNCIAS DEMOGRÁFICAS
A primeira dessas tendências foi de ordem demográfica. A África conheceu no século XIX as mudanças socioeconômicas mais radicais de toda a sua história, mais precisamente, a abolição e o desaparecimento do tráfico de escravos. No final do período que tratamos e por razoes que são lembradas em outros capítulos do presente volume, o tráfico de escravos passa a pertencer definitivamente ao passado. Se a abolição não provocou mudança súbita na taxa de crescimento da população, não há dúvida que, principalmente durante as três últimas décadas do período em consideração, esta taxa teve a tendência de crescer progressivamente em vez de diminuir como acontecera até então.
Este crescimento populacional não foi, contudo, o único fenômeno notável. Ainda mais espetacular foi a redistribuição demográfica sob a forma de migrações e movimentos no interior do continente. As migrações internas dramáticas dos nguni, na África Austral e Central, dos chokwe, na África Central, dos azande, na África Oriental, dos fang na África Equatorial e dos iorubás, na África Ocidental, não são mais do que exemplos típicos. Como se verá mais adiante, as migrações do nguni levaram este ramo dos povos bantu, a partir da região de Natal, a diferentes partes do Sul, do centro e do Leste do continente.
Se, frequentemente, foram a causa de devastações, destruições e de sofrimentos indescritíveis, estas incursões tiveram também resultados positivos. Os nguni venceram e assimilaram outros povos. Assim surgiram novas nações, tais como as dos ndebele e dos sotho. A adoção de sistemas e conceitos militares e políticos aperfeiçoados pelos zulu permitiram‑lhes criar novos reinos, tais como Gaza, Suázi, Ndebele, Sotho e Pedi. Estes últimos eram, como escreveu Omer‑Cooper, “militaristas, altamente centralizados e administrados muito mais sob a autoridade do rei, pelos induna de origem popular, do que pelos membros da família real".
Além disso, a presença dos nguni encorajou alguns dos povos invadidos a se organizarem em Estados. Foi, deste modo, que os holoholo, habitantes da margem oriental do lago Tanganica, utilizaram as táticas militares dos nguni para criar um poderoso reino. Do mesmo modo, os hehe, da margem sul do Tanganica, até então divididos em mais de trinta chefias independentes, se reagruparam após as incursões dos nguni e, tendo adotado a organização militar, as armas e as táticas de guerra destes últimos, conseguiram subjugar os povos vizinhos, tais como os sanga e os bena, e criar um grande reino hehe.
Na África Ocidental, por razoes essencialmente políticas, os iorubás deixaram, por assim dizer, em massa, as vastas pradarias ao Norte da Iorubalândia para se espalharem em direção as florestas do Sul. Estes movimentos levaram a formação de novas comunidades, tais como a de Ibadan, Abeokuta, Oyo, Iwo, Modakeke e Sagamu. Os iorubás, como os nguni, se lançaram em diferentes experiências políticas e constitucionais visando resolver os problemas políticos e ecológicos colocados por seu novo ambiente. Destas tentativas nasceram “a ditadura militar de Ijaye, o republicanismo de Ibadan, o federalismo de Abeokuta e o confederalismo dos ekiti parapo”.
O mapa das etnias do Sudoeste da Nigéria tal como se apresenta hoje, resulta destes movimentos populacionais. Foi igualmente no século XIX que os fang e os grupos étnicos que lhes eram aparentados, os bulu, os beti e os pahouin, empreenderam as suas grandes migrações, deixando as savanas do Sul do atual Camarões para ocupar as zonas das florestas até o interior do país e as regiões litorâneas do Gabao.

REVOLUÇÕES ISLÃMICAS
Muito mais revolucionárias ainda foram as tendências novas que surgiram no plano social e estas foram mais particularmente verdadeiras no campo religioso. Como se sabe, a difusão do islamismo na África, a partir da Arábia, teve início no século VII. Contudo, este processo consolidou‑se, exceto no Norte da África e no vale do Nilo, somente nos últimos anos do século XVIII de modo esporádico, e com algumas exceções (por exemplo, os almorávidas), pacífico, tendo se dado, sobretudo, através do comércio. A partir da primeira década do século XIX, esta propagação ao contrário tomou um rumo fortemente conquistador e dinâmico, particularmente no Norte e no Oeste da África. O seguinte exemplo ilustra bem a rapidez e a amplitude deste fenômeno: a região das savanas do Oeste, que forma o que se conhece como Sudão Ocidental, teve somente duas importantes JIHAD durante o decorrer do século XVIII, um no Futa Djalon, durante a década de 1720, e o outro no Futa Toro, durante a década de 1770, enquanto, durante o período que estudamos, existiram ao menos quatro jihad de grande envergadura e diversas outras de menor importância. As mais importantes foram liderados respectivamente por ‘Uthmān dan Fodio nos estados haussas em 1804, Amadou Lobbo (Ahmad Lobbo) ou Cheikou Amadou (Seku Ahmadu) no Macina em 1818, al‑Hadjdj Umar na região dos banbarras em 1852 e Samori Touré na década de 1870.
Um dos aspectos fascinantes das três primeiras revoluções islâmicas é o fato de que foram todas lideradas pelos torodbe (ramo clerical dos fulbes (Peul)), povo que encontramos disseminado por todo o Sudão Ocidental. Daí terem elas sido iniciadas então, por estes últimos, em resposta a crise causada nesta região pela opressão política, injustiça social e pela cobrança de impostos ilegais por um lado e, por outro, pelo declínio e pelo enfraquecimento do islamismo. Os objetivos visados pelos instigadores destas guerras santas eram “tornar o islamismo não só um conjunto de crenças individuais, mas um direito coletivo”; varrer os vestígios dos costumes tradicionais para criar um império teocrático onde prevaleceriam as leis e práticas islamitas.
De todas as rebeliões organizadas, a partir da década de 1840, pelos juula (dyula, jula, dioula) comerciantes islamizados e instruídos, oriundos da etnia soninke, a campanha conduzida por Samori Touré durante a década de 1870 foi a que conheceu o maior sucesso e tomou maior amplitude. As atividades de Samori Touré serão descritas com mais detalhes no capítulo 24. Contentaremo‑nos em observar aqui que ele era bem menos instruído e menos fanático do que os instigadores das juhad precedentes.
Até cerca de 1885, Samori buscou contudo converter a população ao isla, utilizando esta religião como um fator importante de integração.
Estas revoluções ou jihad islâmicas tiveram tiveram, no plano político e social, consequências de porte considerável. Politicamente, abriram o caminho para a criação de impérios imensos, como o Império de Sokoto que, durante a década de 1820, se estendia sobre toda a antiga região setentrional e parte da região ocidental da Nigéria e cuja história, durante este século, será exposta num capítulo ulterior; o Império do Macina que dominou a região do Arco do Níger até ser vencido pelo Al-Hadjdjid
‘Umar cujo império ia das nascentes do Senegal e do Gâmbia até Tombuctu; enfim, o vasto Império de Samori Touré se estendia desde o Norte das atuais Serra Leoa e Guiné até Bamako e englobava o famoso centro comercial e islâmico juula de Kankan
Estas revoluções levaram ao desaparecimento das antigas elites reinantes haussas e soninke em proveito de uma nova elite composta essencialmente por clérigos fulbe e juula. Deste modo, elas se traduziram em uma transferência fundamental da realidade do poder político no Sudão Ocidental. A
jihad liderada por ‘Uthman dan Fodio provocou, entre outros, o renascimento e a consolidação do velho reino do Borno, isto graças essencialmente as ações do xeique Muhammad al‑Kanēmi, muçulmano kanambu fervoroso, a quem os dirigentes do Borno solicitaram ajuda para resistirem aos exércitos de ‘Uthman dan Fodio e do seu filho Bello.
As consequências destas revoluções foram ainda mais profundas no plano social. Em primeiro lugar, a ação educadora e o proselitismo dos instigadores destas jihad, bem como dos seus adeptos e seus chefes militares, os quais, em sua maioria, eram muçulmanos letrados, tiveram como efeito não só a purificação do islamismo, como também a difusão desta religião urbana nas zonas rurais. Além disso, ao passo que os chefes das duas jihad pertenciam a a confraria Qadiriyya, al‑Hadjdj ‘Umar se dizia da confraria Tijaniyya, relativamente recente, que atraía sobremaneira as pessoas simples. Deste modo, al‑Hadjdj ‘Umar conseguiu reunir inúmeros adeptos e, neste sentido, é significativo que os adeptos da Tijaniyya sejam hoje mais numerosos na África Ocidental do que aqueles da Qadiriyya. Em terceiro lugar, tendo os chefes das juhad dado importância a educação e aos estudos, o nível de instrução e a taxa de alfabetização das populações mulçumanas elevaram‑se consideravelmente durante o século XIX. Enfim, estas jihad deram lugar, em toda a região sudanesa, a um sentimento de solidariedade islâmica que permanece até os dias atuais.
Em conclusão, convém dizer que os instigadores das jihad e os seus porta‑bandeiras não conseguiram estabelecer totalmente no Sudão Ocidental um califado verdadeiro administrado de acordo shari-a. Faltou‑lhes compor com certas instituições e realidades sociopolíticas já existentes. Tampouco viram surgir, ao final das suas campanhas, uma cultura e sociedade islâmica uniforme e isenta de quaisquer influencias, mas uma cultura fulbe-haussa no país haussa e uma cultura fulbe‑mande na região do Arco do Níger. Estas eram, de todos os modos, fortemente impregnadas dos princípios islâmicos e dos ensinamentos dos pais fundadores haussa.
O islamismo ganhou igualmente terreno em outras partes da África, especialmente na atual Líbia, na Cirenaica e no Leste do Saara, e depois, mais tarde, nas regiões setentrionais do Sudão atual, onde foi propagado pelos sanūsi e mahdistas; enfim, no interior da África Oriental e sobretudo no Buganda, na sequencia dos contatos estabelecidos com os comerciantes árabes e suaílis
 
ATIVIDADES MISSIONÁRIAS CRISTÃS
Não menos revolucionária e durável em seus efeitos foi, a mesma época, uma outra cruzada religiosa que atingiu outras partes da África, a saber: a campanha empreendida pelos missionários cristãos. Ainda que as primeiras tentativas de se implantar o cristianismo nas regiões que se estendiam ao Sul do Sudão Ocidental remontem a época das explorações portuguesas do século XV, mal se encontravam traços desta religião na África ao final do século XVIII. Todavia, isto se alteraria radicalmente a partir dos últimos anos daquele século, mais particularmente durante as primeiras cinco décadas do século XIX. Sob o efeito principalmente do despertar, na Europa, do espírito missionário, devido essencialmente a obra de John Wesley e pelo aparecimento dos ideais antiescravocratas e humanitários inspirados pelo radicalismo e pelas revoluções americanas e francesas, os esforços realizados para implantar e propagar o cristianismo tiveram o mesmo dinamismo, senão a mesma forma conquistadora, que a onda islâmica que se alastrou no Sudão Ocidental. Desta vez, não foram utilizados o alcorão e a espada, mas a Bíblia, o arado e o comércio. A ação dos chefes, do clérigo e dos porta‑bandeiras das
jihad seriam substituídas pela de um grande número de sociedades missionárias, fundadas e baseadas na Europa e na América, e por seus representantes na África. Deste modo, no inicio de 1800 somente três sociedades missionárias trabalhavam em toda a África Ocidental, a saber:
A Society for the Propagation of the Gospel (SPG) (Sociedade para a Propagaçao do Evangelho), a Wesleyan Missionary Society (WMS) (Sociedade Missionária Wesleyana) e a  Glasgow and Scottish Missionary Society (Sociedade Missionária Escocesa de Glasgow). Em 1840, apenas quarenta anos mais tarde, elas já eram mais de quinze. As mais importantes eram a  Church Missionary Society (CMS) (Sociedade Missionária da Igreja), a Missão da Alemanha do Norte ou a Missão de Bremen, a Missão Evangélica de Basileia, fundada na Suíça, a  United Presbiterian Church of Scotland)  (Igreja Presbiteriana Unida da Escócia), e a Sociedade das Missões Estrangeiras fundada na França. Durante as três décadas seguintes, mais de uma dezena de novas congregações de origem americana vieram engrossar esta lista.
Na África Oriental e Central, em 1850, havia somente uma congregação missionária, a Church Missionary Society. Em 1873, no momento da morte de Livingstone, contavam‑se mais duas novas. Uma era a Universities Mission to Central Africa (UMCA) (Missão das Universidades para a África Central), criada em 1857 para fundar «núcleos de cristianismo e de civilização que propagassem a religião verdadeira, a agricultura e o comércio legítimo”, em resposta o apelo apaixonado feito, neste mesmo ano, por Livingstone a opinião pública britânica em um discurso pronunciado na Universidade de Cambridge; e a segunda era a Congregação dos Padres do Espírito Santo, ordem católica fundada na França em 1868.
São as viagens, bem como as circunstâncias e o impacto da morte de Livingstone, que deram o impulso decisivo para a onda religiosa que sacudiu a África Oriental e Central. Em apenas quatro anos, quatro novas missões foram criadas, a  Livingstone Mission criada pela Free Church of Scotland (Igreja Livre da Escócia), em 1875; a Blantyre Mission foi criada no ano seguinte pela Igreja oficial da Escócia, com intuito de evangelizar o atual Malaui; London Missionary Society (LMS) (Sociedade Missionária de Londres) que, na sequencia a uma carta publicada pelo Daily Telegraph, na qual o explorador e jornalista Stanley convidava as missões a se encontrarem no Buganda, estender o seu trabalho a partir da África do Sul até a atual Tanzânia; por fim, a missão católica dos Padres Brancos, implantando‑se neste país dois anos após a Church Missionary Society. Deste modo a evangelização da África Oriental e Central no final do século XVIII encontrava-se a bom caminho.
 

quinta-feira, 14 de março de 2013

A ARTE NO BRASIL REPÚBLICA ANTES DA SEMANA DE 22

A euforia tecnológica propagada pela Revolução Industrial marcou o século XIX como um período de ascensão de diversas áreas do conhecimento. Os assuntos de ordem científica e estética passaram a despertar o interesse de um grande público. Várias nações criaram instituições que buscavam o desenvolvimento de estudos em prol do progresso da ciência. Nesse mesmo período, o termo “cientista” foi cunhado e a obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin, ganhou popularidade.
Neste século são notórias as tentativas de sistematizar as diversas áreas do saber. Escolas politécnicas, museus, sociedades científicas e grandes gênios fizeram com que o oitocentos fosse contemplado pela euforia do saber técnico. As ciências exatas ganharam grande impulso na medida em que o desenvolvimento tecnológico vinculava-se com o desenvolvimento industrial. A Física, a Química fina e a Metalurgia foram as principais áreas de desenvolvimento científico. Influenciadas por essas mudanças, as ciências humanas também observaram o surgimento de novas áreas como a Sociologia e a Psicologia.
Na esfera artística, o individualismo e o ritmo frenético dos ambientes urbanos impulsionaram a criação de novos movimentos. O Romantismo criticava as mudanças da sociedade industrial e buscava o refúgio na vida próxima à natureza e a exaltação dos sentimentos amorosos. Muitos dos participantes desta corrente também atacavam o mundo em que viviam tecendo obras onde o drama e a opressão das camadas populares era costumeiramente representada.
Estas correntes mais contestadoras, na segunda metade do XIX, perderam espaço para o Parnasianismo. Esse movimento pautava uma concepção de elogio ao belo, considerando que a arte seria um campo autônomo que não deveria se ocupar dos conflitos e horrores da condição humana. Em contrapartida, a corrente Naturalista e Realista valorizavam as contradições das relações humanas e a reflexão do mundo vivido. Nesse mesmo período também se estabelece uma literatura engajada e fortemente influenciada pelo pensamento marxista.

Na arquitetura, retomaram-se padrões estéticos passados. O estilo gótico medieval mais uma vez apareceu entre as construções. Na França, o Art Noveau valorizava a decoração arquitetônica com o uso de linhas sinuosas e inspiração em elementos da natureza. Além disso, o uso do concreto armado viabilizou o aumento das construções prediais e a elaboração de desenhos arquitetônicos cada vez mais arrojados. Foi nessa época que os arranha-céus começaram a dominar o ambiente das grandes cidades contemporâneas.
Na pintura, podemos detectar uma grande via de diálogo com as correntes literárias. O Realismo procurou retratar situações cotidianas e trazer um equilíbrio entre o rigor estético e a expressão dos sentimentos. Outra importante corrente nascida no período foi a impressionista. Valorizando a sensação causada pelas cores, retratavam diferentes situações mundanas.
A música nessa época também viveu grandes mudanças, tanto no campo erudito quanto no popular. O predominante romantismo da obra de Beethoven abriu portas para uma rica geração de compositores. Wagner começou a privilegiar a temática nacionalista. Stravinski e Schönberg buscaram grandes rupturas com o sistema musical clássico, criando o sistema dodecafônico.
Outra grande mudança foi concebida na música popular. Até então, a música popular era considerada um tipo de música rude e sem maiores rigores ou complexidades. O jazz apareceu com uma novidade musical arraigada nos guetos norte-americanos. Influenciado pelo blues, work-songs e spirituals dos trabalhadores rurais negros, o jazz mostrou uma complexidade estética que questionava a separação da cultura erudita e popular.

Na passagem do século XIX para o XX, a chamada cultura de massa começou a aparecer nas grandes cidades. Na França, os irmãos Lumière causaram uma nova transformação no campo das artes. A criação do cinematógrafo trouxe a criação das artes cinematográficas. Elogiada por uns e criticada por outros, o cinema fundou a chamada “sétima arte”.
Quando o Brasil torna-se independente, século XIX, acontecem algumas transformações sócio-econômicas e políticas, por exemplo: abolição da escravatura, proclamação da República, expansão da economia (que era baseada no cultivo de café e na extração da borracha) e industrialização.
Isso tudo, influenciou no processo artístico brasileiro, além de contribuir para o desenvolvimento e transformação urbanística e arquitetônica das cidades de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belém e pelo nascimento de Belo Horizonte.
Esta época chegou a ser chamada de Belle Époque. Como já mencionado os artistas da Belle Époque gostavam de retratar figuras humanas, principalmente as femininas, e cenas cotidianas.
A pintura Acadêmica, no século XIX, na arte brasileira, retrata a riqueza clássica, sendo que era refletido um padrão de beleza ideal (padrões propostos pela Academia de Belas Artes). Já no início do século XX, presenciamos o Modernismo Brasileiro, marcado inicialmente pela Semana de Arte Moderna . E, antes disso, o Expressionismo já começa a chegar ao Brasil e fazer história com Lasar Segall (1891-1957).
LASAR SEGALL (1891-1957)
Em 1923, o pintor lituano mudou-se para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte conheceu o "milagre da luz e da cor”.
 
ARQUITETURA
Na Arquitetura cabe destacar com a chegada da Missão Artística Francesa a arquitetura brasileira substitui o barroco pelas linhas neoclássicas. Mas no fim do século XIX, passa por uma nova transformação ao seguir duas novas tendências europeias: O Neoclassicismo (paço de Curitiba) e o Ecletismo (Teatro de Manaus). Em São Paulo, Carlos Ekman projetou um dos palacetes mais vistosos; A Vila Penteado, que hoje abriga a FAU-USP, construída em 1902 para abrigar duas importantes famílias paulistas, a do Conde Antonio Álvares Penteado e a de seu genro, Antônio Prado Junior .

A REVOLUÇÃO NICARAGUENSE


Pré-Revolução

A História da Revolução da Nicarágua, em seu início, se confunde com a vida do “camponês” general-guerrilheiro Augusto César Sandino.

No início do século XIX, passado o processo de independência mexicana, as regiões pertencentes à América Central experimentaram diversas transformações políticas em favor da formação de várias nações independentes. Na maioria dos casos, as elites locais obtinham o apoio estadunidense e britânico na formação de nações frágeis e incapazes de fazer frente aos interesses das potências capitalistas. Foi nesse contexto que notamos o surgimento da Nicarágua.

Em 1926, começou a trabalhar numa fazenda de donos estadudinenses, onde começou a regimentar pessoal para o movimento revolucionário. Sua principal visão era a divisão de terras e riquezas por todos os nicaragüenses e expulsão dos fuzileiros americanos de terras nicaragüenses, os partidários de Sandino participaram de movimentos de guerrilha que atuaram no país entre 1926 e 1933, determinado a dar fim à intervenção imperialista em seu país. Entre outros pontos, defendia a realização de um projeto de distribuição de terras e saída dos militares americanos que ocupavam o território nicaragüense.

Influenciado pelas greves de princípios nacionalistas, Sandino aprendera sobre defender uma nação em sua viajem pelo México.

A Nicarágua encontrava-se nas mãos americanas, com regalias cedidas a eles. A ajuda dos fuzileiros na independência da Nicarágua, fizeram-os achar que haveriam regalias e que terras nicaragüenses eram terras amigas.

A guerra era inevitável, acontecendo e se enquadrando em fugas para as montanhas antecedidas de ataques surpresas, numa espécie de “guerrilha”, quando os americanos concordaram sair do país mediante rearranjos no poder político.

Acontecendo isso em 1933, foi montada a Guarda Nacional que foi treinada pelos os mesmos estadudinenses que saíram da Nicarágua. A Guarda Nacional tinha como chefe Anastázio Somoza, após conseguir a saída das tropas estadunidense do país, Sandino aceitou assinar um acordo onde concordava em depor das armas mediante a preservação da soberania de seu país. Este período ficou conhecido como Revolução Sandinista.

SOMOZA

A opção pela pacificação política permitiu que militares liderados por Anastásio Somoza Garcia empreendessem o assassinato do líder revolucionário e em 1936 Somoza dá um golpe e assume o poder na Nicarágua dando início a Dinastia Somoza que vai até 1979 um governo ditatorial alinhado aos interesses norte-americanos.

Em 1961, um novo movimento guerrilheiro é formado com o objetivo de acabar com a ingerência estrangeira e a opressão ditatorial. A partir da reunião de líderes, como Tomás Borge, Carlos Fonseca e Carlos Mayorga, fundou-se a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Seus partidários passaram a formar sindicatos, abrir escolas de alfabetização e organizar focos em favor do seu projeto de natureza socialista. Este momento foi marcado pelo aspecto de conscientização da população (também estudantes e intelectuais) que se reuniram em sindicatos; a JPN (Juventude Patriótica Nicaragüense) foi formada. Em 1967 a FSLN se tornou o principal canal do povo na luta armada contra o Somozismo.

O governo de Somoza enfraquecia-se progressivamente, quando 1978 o jornalista Pedro Chamorro que comandava o maior jornal do país em oposição ao regime foi assassinado a mando de Anastázio, a guerra civil tomou conta do país. Os EUA tiraram seu apoio, houve uma insurreição popular que levou uma junta provisória ao poder. Em 1984 foram feitas as primeiras eleições livres depois da vitória da revolução, vencendo Daniel Ortega, líder da FSLN.

A FSLN conseguiu uma administração, nos seus 11 anos no poder, de verdadeiro socialismo: de 52% abaixou-se para 12% da população analfabeta. Conseguiu-se se evidenciar uma reforma agrária; a educação fortificou-se a vinda de professores da França, Alemanha.

Permanências
Somoza fugiu e foi assassinado no Paraguai. A Guarda Nacional que fora expulsa do país, se armou e se agrupou em Honduras com apoio e treinamento americano e argentino.

POLÍTICA INTERNA

No plano político interno, os sandinistas promoveram uma aproximação com as nações do bloco socialista. Além disso, prometiam um amplo processo de desapropriação onde o Estado controlaria as terras e as demais forças produtivas do país. O projeto radical oferecido pelos sandinistas acabou não só incomodando os interesses do bloco capitalista, bem como de porções heterogêneas da população nicaragüense. Dessa maneira, a partir de 1981, formou-se uma ação contra-revolucionária no país.

Os oponentes do governo sandinista, popularmente conhecidos como “Contras”, tiveram o apoio financeiro dos Estados Unidos e de membros da alta cúpula católica do país. Durante toda a década de 1980, o governo sandinista enfrentou uma grave crise econômica que ampliou as forças oposicionistas e colocou a Nicarágua à beira do caos. Em 1990, a crise acabou configurando uma derrota eleitoral dos sandinistas e a eleição de Violeta Chamorro, mulher do jornalista assassinado assim ia ao poder, dando fim à hegemonia sandinista.

Somente após uma seqüência de governos de tendência neoliberal e conservadora, os sandinistas se fortaleceram politicamente com as permanências dos problemas que afligiam a população. Em 2007, Daniel Ortega voltou à presidência com um discurso político moderado e com o apoio declarado dos norte-americanos. Hoje, o histórico líder da revolução de 1979 tem de enfrentar o atraso tecnológico, a inflação, o desemprego e a dívida externa que corroem a Nicarágua.

Referências:
OLIC, Nélson Bacic. Geopolítica da América Latina. São Paulo: Moderna, 1992.
BRUIT, Héctor H. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988.
PRADO, Maria Ligia. A formação das nações latino-americanas. São Paulo: Atual, 1987.
SADER, Emir. Socialismo na América Latina. São Paulo: Atual, 1992.