sexta-feira, 21 de novembro de 2014

REVISÃO PARA AVALIAÇÃO BIMESTRAL DE HISTÓRIA - 9o ano - 8a série


I – Relacione as colunas.(1,0)
a)                  Governo Dutra                    (  e  )  Reformas de  base  
b)                  Governo Vargas                  (  c   ) “50 anos em 5”                                              
c)                   Governo JK                          (   d  ) “slogan da vassoura”
d)                  Governo Jânio Quadros     (   b  ) “pai dos pobres”                         
e)                  Governo João Goulart        (   a  ) ‘plano Salte”

II – Marque a única resposta correta.
A Revolução de 1930 foi apoiada por grupos heterogêneos, sem grandes rupturas, promoveu sob a liderança de Getúlio Vargas um novo encaminhamento para o Estado brasileiro. Identifique estes traços nas alternativas a seguir (1,0)
(A) O Estado getulista incentivou o capitalismo nacional, promovendo a aliança entre setores da classe trabalhadora urbana e a burguesia nacional.
(B) Para Vargas, a questão social permanecia um caso da polícia e o modelo econômico passou a ser apoiado pelo capital estrangeiro.
(C) As decisões econômico-financeiras foram descentralizadas, tendo o presidente reduzidos poderes do executivo.
(D) Preservaram-se as relações clientelistas, mantendo-se a oligarquia cafeeira no poder como antes de 1930.

III - “A palavra revolução tem sido empregada de modo a provocar confusões... No essencial, porém, há pouca confusão quanto ao seu significado central: sabe-se que a palavra se aplica para designar mudanças drásticas e violentas na estrutura da sociedade.” (FLORESTAN Fernandes. O que é Revolução . SP: Brasiliense, 1981, p.7 e 8.)
Explique por que, segundo o conceito proposto por Florestan Fernandes, o movimento político de 1964 não foi uma revolução. (2,0)
O movimento de 1964 não pode ser visto como uma revolução, na medida em que ele não estabelece a inversão da hierarquia social e econômica que se desenvolvia no país naquele período. De fato, observando as ações tomadas pelos militares ao longo das duas décadas que estiveram no poder, notamos que as ações autoritárias tinham amplo interesse em preservar as políticas e relações econômicas exploratórias que dominavam a nação

IV – O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até 29/10/1945) caracterizou-se: (0,5)
(A) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção dos partidos políticos.
(B) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-administrativa.
(C) pela perseguição aos comunistas, pela elaboração de uma constituição liberal chamada de “Polaca” e pela censura prévia.
(D) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento das eleições diretas

V - Faça a leitura do seguinte texto:
“Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, justificada pelo argumento de que o Estado era o único responsável pela guerra e todas as suas consequências (...)” HOBSBAWM, Eric J., Era dos extremos: o breve século XX: 1914 – 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Qual foi o principal tratado assinado após a Primeira Guerra Mundial, que pôs fim à guerra? (0,5)
(a) Tratado de Paris
(b) Tratado de Versalhes
(c) Paz de Wilson
(d) Acordo Internacional de Paz
(e) Paz de Wilson

VI - O que foi o Plano Cohen? Qual o motivo deste plano? (2,0)
o golpe de 1937. O PCB, que surgiu em 1922, havia criado a Aliança Nacional Libertadora, mas Getúlio Vargas a declarou ilegal, e a fechou. Assim, em 1935, a ANL (segundo alguns, com o apoio da Internacional Comunista Comintern) montou a Intentona Comunista, uma revolta contra Getúlio Vargas, mas que este facilmente conteve. Em 1937, os integralistas forjaram o "Plano Cohen", em que dizia-se que os socialistas planejavam uma revolução maior e mais bem-arquitetada do que a de 1935, e teria o amplo apoio do Partido Comunista da União Soviética. Os militares e boa parte da classe média brasileira, assim, apóiam a idéia de um governo mais fortalecido, para espantar a idéia da imposição de um governo socialista no Brasil. Com o apoio militar e popular, Getúlio Vargas derruba a Constituição, e declara o Estado Novo


AVALIAÇÃO BIMESTRAL DE HISTÓRIA - 8o. ano - 7a. série


I – O senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos." O comentário de Antonil, escrito no século XVIII, pode ser considerado característico da sociedade colonial brasileira porque:
a) a condição de proprietário de terras e de homens garantia a preponderância dos senhores de engenho na sociedade colonial.
b) a autoridade dos senhores restringia-se aos seus escravos, não se impondo às comunidades vizinhas e a outros proprietários menores.
c) as dificuldades de adaptação às áreas coloniais levaram os europeus a organizar uma sociedade com mínima diferenciação e forte solidariedade entre seus segmentos.
d) as atividades dos senhores de engenho não se limitavam à agroindústria, pois controlavam o comércio de exportação, o tráfico negreiro e a economia de abastecimento.
e) o poder político dos senhores de engenho era assegurado pela metrópole através da sua designação para os mais altos cargos da administração colonial.
II – Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram:
a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais.
d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração da borracha.
e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios
III - Onde se localizava o Império Asteca?
( X ) México
(    ) Argentina
(    ) Suriname
(    ) Brasil
IV - As civilizações pré-colombianas que se desenvolveram na região da Mesoamérica (onde hoje está parte do México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua) – civilização asteca e civilização maia – foram consideradas bastante avançadas para os europeus que com elas travaram o primeiro contato. Aponte a alternativa abaixo que contenha alguns dos aspectos definidores desta característica de “civilização avançada”:
a) Astecas e maias possuíam uma sofisticada tecnologia de navegação ultramarina que possibilitou a exploração das regiões litorâneas da América do Sul.
b) As grandes cidades destas civilizações, como Teotihuacán, possuíam um grande sistema de infraestrutura, tendo desenvolvido grandes templos, grandes vias e praças para comércio e comportavam até mais de 100.000 habitantes dentro de seus domínios.
c) Astecas e maias não faziam sacrifícios cruentos (morte de pessoas ou animais), pois já havia entre essas civilizações um avançado sistema religioso, como o Cristianismo e o Budismo.
d) Essas duas civilizações tinham em comum o fato de possuírem um sofisticado sistema astronômico e um exímio domínio da pólvora.
e) As cidades pré-colombianas da Mesoamérica não tinham templos grandiosos, pois haviam concebido um tipo de estado laico, com administração burocrática isenta de interferências religiosas

V - A produção de açúcar no Brasil colonial: 
A - possibilitou o povoamento e a ocupação de todo o território nacional, enriquecendo grande parte da população;
B - praticada por grandes, médios e pequenos lavradores, permitiu a formação de uma sólida classe média rural;
C - consolidou no Nordeste uma economia baseada no latifundiário monocultor e escravocrata que atendia aos interesses do sistema português;
D - desde o início garantiu o enriquecimento da Região Sul do país e foi a base econômica de sua hegemonia na República;
E - não exigindo muitos braços, desencorajou a importação de escravos, liberando capitais para atividades mais lucrativas.
VI - Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial brasileiro: a açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades econômicas, é correto afirmar que: 
a) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a ruralização, a mineração favorecia a urbanização e a expansão do mercado interno
b) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado na mineradora. 
c) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a acumulação de capitais ingleses. 
d) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução Farroupilha. 
e) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os colonos e o desenvolvimento de uma economia independente da Metrópole.

VII - A VINDA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL – LEIA O TEXTO E A SEGUIR RESPONDA AS QUESTÕES
A instalação da família real portuguesa no Brasil, há 200 anos, foi responsável por uma transformação política no país. Para o Rio de Janeiro, a herança foi ainda maior. Quando o príncipe regente desembarcou no Rio de Janeiro, a cidade já era a segunda mais rica do Império, atrás apenas de Lisboa. Mesmo assim, foi de uma hora para outra que ela deixou de ser a capital de uma colônia para se transformar na Corte do império português.
A prioridade de Portugal era manter suas colônias e a segurança do seu reino. No início do século XIX Napoleão Bonaparte era imperador da França. Ele queria conquistar toda a Europa e para tanto derrotou os exércitos de vários países. Mas não conseguiu vencer a marinha inglesa.
Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe regente Dom João. Como Portugal era um antigo aliado da Inglaterra, Dom João ficou numa situação muito difícil: se fizesse o que Napoleão queria, os ingleses invadiriam o Brasil, pois estavam muito interessados no comércio brasileiro; se não o fizesse, os franceses invadiriam Portugal.
A solução que Dom João encontrou, com a ajuda dos aliados ingleses foi transferir a corte portuguesa para o Brasil. Em novembro de 1807, Dom João com toda a sua família e sua corte partiu para o Brasil sob a escolta da esquadra inglesa. 15 mil pessoas vieram para o Brasil em quatorze navios trazendo suas riquezas, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo que puderam trazer. Quando o exército de Napoleão chegou em Lisboa, só encontrou um reino abandonado e pobre.
O Brasil ainda era uma colônia de Portugal. Tudo o que produzíamos era enviado à metrópole. Não podíamos fazer comércio com outros países, nem ter nossas próprias moedas, jornais e livros. Além do isolamento, faltavam boas estradas e moradia para a população.
O príncipe regente desembarcou em Salvador em 22 de janeiro de 1808. Ainda em Salvador Dom João abriu os portos do Brasil aos países amigos, permitindo que navios estrangeiros comercializassem livremente nos portos brasileiros. Essa medida foi de grande importância para a economia brasileira.
De Salvador, a comitiva partiu para o Rio de Janeiro, aonde chegou em 08 de março de 1808. O Rio de Janeiro tornou-se a sede da corte Portuguesa. Com a chegada da Família Real ao Brasil, novos tempos para a colônia!
. Chegaram a Salvador depois de 54 dias no mar; trouxeram louças, pratarias, móveis, obras de ate, até duas pequenas carruagens.
. D. João criou três ministérios: o da Guerra e Estrangeiros, o da Marinha e o da Fazenda e Interior; instalou também os serviços auxiliares e indispensáveis ao funcionamento do governo, entre os quais o Banco do Brasil, a Casa da Moeda, a Junta Geral do Comércio e a Casa da Suplicação (Supremo Tribunal).
. Dom João cria o Jardim de Aclimação, atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Escola Médica Cirúrgica de Salvador.
. Construiu estradas; os portos foram melhorados.
. Foram introduzidas no país novas espécies vegetais, como o chá.
. Promoveu a vinda de colonos europeus.
. A produção agrícola voltou a crescer. O açúcar e do algodão, passaram a ser primeiro e segundo lugar nas exportações, no início do século XIX.

Agora responda:
A-) Porque a família real portuguesa veio para o Brasil? Em que cidade Dom João se instalou?
Para fugir da expansão napoleônica, D. João e a corte fugiram para sua colônia mais próspera (rica), o Brasil, após uma breve parada em Salvador, instalaram-se definitivamente no Rio de Janeiro.

B-) Cite algumas das obras realizadas por D.João nesse período:
Biblioteca Nacional, Teatro Real, Jardim Botânico, Banco do Brasil, Faculdade de Medicina, entre outras.

C-) Relaciona as frases abaixo, de maneira que elas formem afirmações verdadeiras.
1
A vinda da Corte portuguesa para o Brasil ocorreu porque
1
o governo português não obedeceu o bloqueio imposto pelos franceses
2
Os grandes proprietários brasileiros apoiaram a independência do Brasil porque
3
o Brasil passou a ter liberdade de comércio com outros países, além de Portugal.
3
Com a abertura dos portos às nações amigas
2
não aceitavam o domínio português nem o fim da liberdade de comércio

     

domingo, 16 de novembro de 2014

HOLOCAUSTO E NAZISMO


Após a I Guerra Mundial (1914 – 1918) a Alemanha foi a grande derrotada. Em 1918 o imperador Guilherme II abdicou do trono e proclamou a República, vindo em 1919 a ser aprovada a constituição que faria da Alemanha uma República Federal, a República de Weimar.
A partir de 1919, após a assinatura do Tratado de Versalhes onde eram impostas humilhantes e duras condições à Alemanha, o governo Republicano tornou-se impopular, o descontentamento aumentava devido à crise econômica vivida, provocada pelas destruições e gastos de guerra e também pelo pagamento de indemnizações exigido pelos vencedores. Toda esta instabilidade política passava a imagem de incapacidade do Governo para resolver a situação. Assim, o operariado, o campesinato, a pequena e média burguesia descontentes passaram a apoiar os partidos de esquerda e os de extrema-direita, ganhando relevo o partido Nacional Socialista, mais conhecido por Partido Nazi fundado em 1919 e dirigido por Adolf Hitler.
Em 1923 houve um golpe de Estado em que Hitler participou com o objectivo de tomar o poder. Não tendo êxito, Hitler foi preso, vindo a escrever a obra Mein Kampf (Minha Luta) na prisão, que seria publicada em 1925. Nesta obra estavam expressos os princípios do Partido Nazi, a necessidade de um "espaço vital”, o anti-semitismo, o racismo, o culto do chefe, a primazia do Estado, o totalitarismo.
Em 1934, com a morte do Presidente Hindenburg, realizou-se um plebiscito, a fim de examinar a opinião do povo alemão sobre a concentração de poderes, iniciando-se então o “III Reich” (III Império).
No poder, Hitler pôs em prática os princípios nazis, dissolveu os sindicatos, entregou a membros do Partido Nazi os postos-chave da administração e da política, extinguiu todos os outros partidos, adotou um novo estandarte, com as cores vermelho (“ideia social do movimento”) e branca (“ideia nacionalista”), com a cruz suástica (“luta necessária para a vitória do povo ariano”) desenhada.
Qualquer pessoa que fosse suspeita de ser contra o regime, era internada em campos de concentração, colocada em “ghettos” (comunidades judaicas onde toda a atividade era controlada) ou torturada e morta pela Gestapo. Contudo, a censura não se ficava por aqui, a rádio e o cinema estavam sob a tutela do Ministério da Propaganda (chefiado por Paul Joseph Goebbels), as obras literárias e artísticas eram censuradas pelo partido. Em 1933, em Berlim, foram queimados mais de 25 mil livros considerados perigosos. Foram também criadas organizações juvenis, tal como a Juventude Hitleriana, com o fim de formar os jovens segundo a ideologia nazi.
      
Passando a intervir na economia, incentivou a indústria e a agricultura, estabilizou os preços e os salários, combateu o desemprego realizando obras públicas. Colocou em prática o rearmamento e a militarização para uma Segunda Guerra Mundial (que viria a ocorrer entre 1939 e 45), uma vez que não aceitava as cláusulas do Tratado de Versalhes de 1919. Em 1935 passou a ocupar e a incorporar novos territórios.
Podemos concluir que enquanto Hitler esteve no poder, foram feitas mudanças de infra-estrutura, política, social, econômica, educacional, médica e  também foram executadas milhões de pessoas nos campos de concentração e ainda que não haja provas de que ele deu tal ordem, este período foi considerado o mais tenebroso na História da Alemanha e na da Humanidade.

domingo, 9 de novembro de 2014

ADOLF HITLER - BIOGRAFIA

Nascido em 1889, na cidade austríaca de Braunau, Alta Áustria, Adolf Hitler era filho de Alois Hitler, funcionário aduaneiro. Sua mãe, Klara Hitler era prima de seu pai e foi até a casa de Alois para cuidar da sua mulher que já se apresentava adoentada e prestes a morrer. Depois de enviuvar-se, Louis decidiu casar-se com Klara. Para isso, teve que pedir permissão à Igreja Católica, que só liberou o casamento depois da gravidez de Klara.
Do matrimônio de Louis e Klara nasceram dois filhos: Adolf e Paula. Durante os primeiros anos de sua juventude, Adolf era conhecido como um rapaz inteligente e mal-humorado. Na adolescência, foi duas vezes reprovado no exame de admissão da Escola de Linz. Nesse mesmo período começou a formular suas primeiras ideias de caráter antissemita, sendo fortemente influenciado pelo professor chamado Leopold Poetsch.

A relação de Hitler com seus pais era bastante ambígua. À mãe, dedicava extremo carinho e dedicação. Com o pai tinha uma relação conflituosa, marcada principalmente pela oposição que Louis fazia ao interesse de Adolf pelas artes e pela arquitetura. Frustrado com o seu insucesso na sequência de seus estudos, Hitler mudou-se para Viena, aos 21 anos, vivendo de pequenos expedientes. Vivendo em condições precárias, mudou-se para Munique quando tinha 25 anos de idade.

Com a explosão da Primeira Guerra Mundial, decidiu se alistar voluntariamente no Exército Alemão, incorporando o 16º Regimento de Infantaria Bávaro. Lutando bravamente nos campos de batalha, conquistou condecorações por bravura durante sua atuação militar e recomendações de um superior de origem judaica. Depois de se recuperar de uma cegueira temporária, voltou para Munique trabalhando no departamento de imprensa e propaganda do Quarto Comando das Forças Armadas.
Em 1919, depois de presenciar a derrota militar alemã, filiou-se a um pequeno grupo político chamado Partido Trabalhista Alemão. Em meio às mazelas que o povo alemão enfrentava, esse partido discutia soluções extremas mediante os problemas da Alemanha. Entre outros pontos, pregavam a extinção dos tratados da Primeira Guerra, a exclusão socioeconômica da população judaica, melhorias no campo econômico e a igualdade de direitos políticos.
Utilizando seus grandes dotes oratórios, Hitler começou a angariar a adesão de novos partidários e propôs a mudança do partido para o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. A renovação do nome acompanhou a criação de uma nova simbologia ao partido (uma bandeira vermelha com uma cruz gamada) e a incorporação de milícias comprometidas a defender o ideal do partido. As chamadas Seções de Assalto (SA) eram incumbidas de perturbar as reuniões de grupos marxistas, estrangeiros e comunistas.
Dois anos depois de integrar o partido, Hitler tornara-se chefe supremo do Partido Nazista (contração do termo alemão “Nationalsozialist”). Agrupado a um pequeno grupo de partidários, Hitler esboçou um golpe político que foi contido pelas autoridades alemãs. No ano de 1923, foi condenado a cinco anos de prisão, dos quais só cumpriu apenas oito meses. Nesse meio tempo, escreveu as primeiras linhas de sua obra (um misto de autobiografia e manifesto político) chamada “Mein Kampf” (Minha Luta).
Liberto, resolveu remodelar as diretrizes de seu partido incorporando diretrizes do fascismo, noções de disciplina rígida e a formação de grupos paramilitares. Adotando uma teoria de cunho racista, Hitler dizia que o povo alemão era descendente da raça ariana, destinada a empreender a construção de uma nação forte e próspera. Para isso deveriam vetar a diversidade étnica em seu território, que perderia suas forças produtivas para raças descomprometidas com os arianos.
No campo político, o partido de Hitler era contrário à definição de um regime político pluripartidário. A diferença ideológica dos partidos somente serviu para a desunião de uma nação que deveria estar engajada em ideais maiores. Dessa forma, as liberdades democráticas eram vetadas em favor de um único partido liderado por uma única autoridade (no caso, Hitler), que estaria comprometido com a constituição de uma nação soberana. Entre outras coisas, Hitler defendia a construção de um “espaço vital” necessário para a nação ariana cumprir seu destino.
O ideário nazista, prometendo prosperidade e o fim da miséria do povo alemão, alcançou grande popularidade com a crise de 1929. Os nazistas organizavam grandes manifestações públicas onde o ataque aos judeus, marxista, comunistas e democratas eram sistematicamente criticados. Prometendo trabalho e o fim das imposições do Tratado de Versalhes, os nazistas pareciam prometer ao povo alemão tudo que ele mais precisava. Em pouco tempo, grupos empresariais financiaram o Partido Nazista.
No início da década de 1930, o partido tinha alcançado uma vitória expressiva que se manifestou na presença predominante de deputados nazistas, ocupando as cadeiras do Poder Legislativo alemão. No ano de 1932, Hitler perdeu as eleições presidenciais para o marechal Hindenburg. No ano seguinte, não suportando as pressões da crise econômica alemã, o presidente convocou Hilter para ocupar a cadeira de chanceler. Em pouco tempo, Hitler conseguiu empreender sucessivos golpes políticos que lhe deram o controle absoluto da Alemanha.
Depois de aniquilar dissidentes no interior do partido, na chamada Noite dos Longos Punhais, Hitler começou a colocar em prática o conjunto de medidas defendidas por ele e o partido nazista. Organizando várias intervenções na economia, com os chamados Planos Quadrienais, Hitler conseguiu ampliar as frentes de trabalho e reaquecer a indústria alemã. A rápida ascensão econômica veio seguida pela ampliação das matérias primas e dos mercados consumidores. Foi nesse momento que a teoria do Espaço Vital fora colocada em prática.
Hitler, tornando-se um grande líder carismático e ardoroso estrategista, impôs à Europa as necessidades do Estado nazista. Depois de exigir o domínio da região dos Sudetos e assinar acordos de não agressão com os russos, o governo nazista tinha condições plenas de por em prática seu grande projeto expansionista. Com o início da Segunda Guerra, Hitler obteve grandes vitórias que pareciam lhe garantir o controle de um amplo território, suas profecias pareciam se cumprir.
Somente após a invasão à Rússia e a entrada dos EUA no conflito, a dominação das forças nazistas pôde ser revertida. A vitória dos Aliados entre 1943 e 1944 colocou Hitler em uma situação extremamente penosa. Resistindo à derrota, Hitler resolveu se refugiar em seu bunker, em Berlim. Himmler, um dos generais da alta cúpula nazista, tentou assinar um termo de rendição sem o consentimento de Adolf Hitler. O acordo foi rejeitado pelos Aliados, que continuaram a atacar as tropas alemãs.
Indignado, Hilter resolveu substituir Himmler pelo comandante Hermann Gering, que logo pediu para assumir o governo alemão. Irritado com seus comandados, em um último ato, Hilter nomeou Karl Doenitz como presidente da Alemanha e Joseph Goebbeles, chanceler. Em 30 de abril de 1945, sem oferecer nenhum tipo de resistência militar, Goebbeles, Hitler e sua esposa, Eva Braun, suicidaram-se.






terça-feira, 4 de novembro de 2014

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - TEXTO E JOGO


Um dos principais eventos da história brasileira foi a Independência do Brasil. Realizada pelo príncipe regente D. Pedro I em 07 de setembro de 1822, o fato marcou o fim do domínio da coroa portuguesa sobre o território colonial brasileiro.
Portugal iniciou o processo de colonização do Brasil em 1500 e por mais de trezentos anos explorou economicamente a região, principalmente com o cultivo de cana-de-açúcar e a exploração de ouro e diamantes. Baseada na força de trabalho de africanos escravizados, a exploração colonial proporcionou a ampliação das fronteiras para além do Tratado de Tordesilhas, criando ainda alguns aglomerados urbanos, principalmente em pontos do litoral do Brasil.
Em 1808, a Família Real portuguesa fugiu de Portugal para o Brasil, após a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte. Esse episódio foi extremamente importante para a Independência do Brasil, pois a presença dos membros da Família Real, comandada por D. João VI, mudou o cenário social e cultural do Rio de Janeiro, além de permitir a abertura econômica da colônia, possibilitando uma troca de mercadorias, que foi responsável por enriquecer uma camada de comerciantes que habitava o país.
Essas mudanças foram criando uma necessidade e um sentimento de separação da metrópole portuguesa, pois os membros da classe que dominava a colônia perceberam que poderiam se enriquecer ainda mais sem o controle que Portugal exercia sobre o Brasil. Outras revoltas já tinham ocorrido na metrópole com o mesmo interesse de separação, como a Inconfidência Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana de 1798.
Em 1815, os membros da Família Real elevaram o Brasil da condição de colônia portuguesa à de Reino Unido de Portugal e Algarves. A Família Real portuguesa permaneceu no Brasil até 1821, quando em Portugal estourou uma rebelião na cidade do Porto, cujos efeitos se fizeram sentir no Brasil, gerando uma forte oposição à coroa portuguesa. Com a volta de D. João VI a Portugal, seu filho, Pedro de Alcântara de Bragança e Bourbon, permaneceu como príncipe regente no Brasil.
Porém, os comerciantes portugueses que viviam em Portugal queriam que o Brasil voltasse à condição de colônia para que fossem restaurados seus privilégios econômicos. Essa intenção desagradava os habitantes brasileiros que comercializavam nos portos.
Em 09 de janeiro de 1822, o então príncipe regente Pedro negou-se a voltar a Portugal, afirmando que, em virtude da vontade do povo brasileiro, ficaria no Brasil. Esse dia ficou conhecido como “Dia do Fico” e aprofundou os conflitos entre Portugal e Brasil. Mas o interesse de Pedro não era o de satisfazer todo o povo brasileiro, mas sim a classe que dominava política e economicamente o país.
Esses conflitos intensificaram-se até o momento em que as ações pela independência poderiam fugir do controle dos grupos que dominavam o Brasil. Com o objetivo principal de manter a unidade territorial do país e evitar divisões como as que ocorreram nas colônias espanholas, o príncipe regente Pedro decidiu proclamar a Independência, em 07 de setembro de 1822. Com essa medida, o Brasil tornou-se uma Monarquia independente de Portugal, e o príncipe regente passou a ser o imperador D. Pedro I.
Como se encontrava em viagem, a declaração de independência ocorreu às margens do rio Ipiranga, na província de São Paulo. Existem muitos mitos em torno desse fato. Um deles era o de que D. Pedro I queria melhorar a vida do povo brasileiro com a independência. Seu objetivo era manter a união do território, agradando aos interesses dos grupos que dominavam a colônia. Um indício disso é que não houve sequer menção à abolição da escravidão, o que beneficiaria o principal grupo social que habitava o país, os africanos escravizados.
D. Pedro I foi retratado como um herói nacional, seja em pinturas ou nos livros de história durante muitos anos. Entretanto, o que realmente houve foi uma mudança na forma de governar, sem alterar as pessoas que comandavam o governo. Com a Independência do Brasil, os grupos dominantes passaram a ter liberdade para ditar os rumos que o país deveria tomar.

CLIQUE NO LINK PARA ACESSAR O JOGO INTERATIVO



jogo interativo
http://educarparacrescer.abril.com.br/1822/index.shtml

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ENTRADAS E BANDEIRAS NO BRASIL

História Das Entradas E Bandeiras No Brasil, Resumo, O Que Eram, Características, Diferença, Objetivos, Principais Bandeiras
Definição (o que eram)
As entradas e bandeiras foram expedições de desbravamento territorial, que ocorreram no Brasil Colônia entre os séculos XVII e XVIII.

Diferenças entre entradas e bandeiras

1.
- As entradas eram expedições oficiais (organizadas pelo governo) que saiam do litoral em direção ao interior do Brasil.
- As bandeiras eram expedições organizadas e financiadas por particulares, principalmente paulistas. Partiam de São Paulo e São Vicente principalmente, rumo às regiões centro-oeste e sul do Brasil.

2.
- As entradas tinham como objetivo principal fazer o mapeamento do território brasileiro, principalmente da região interior. Estas informações eram enviadas a Portugal, com objetivo de aumentar o conhecimento e viabilizar a colonização do interior do Brasil. 
- As bandeiras tinham como objetivo principal descobrir minas de ouro, prata e pedras preciosas. 

3.
- As entradas também atuavam no combate aos grupos indígenas que ofereciam resistência aos colonizadores.
- As bandeiras atacavam missões jesuíticas, capturando índios, que seriam comercializados como escravos.

4.
- As entradas eram compostas, em sua maioria, por soldados portugueses e brasileiros (a serviços das províncias).
- Já as bandeiras eram lideradas por paulistas chamados de bandeirantes e tinham em sua composição familiares, agregados, brancos pobres e mamelucos.

Principais bandeiras


- Bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva – ocorrida entre 1672 e 1740, partiu da região norte do atual estado de São Paulo em direção a região centro-oeste do Brasil. Tinha como principal objetivo o descobrimento de jazidas de ouro e pedras preciosas.

- Bandeira de Domingos Jorge Velho – ocorrida entre 1615 e 1703, partiu da região litorânea do Nordeste em direção ao sertão e litoral paulista. Tinha como principal o sertanismo de contrato, onde os bandeirantes eram contratados por fazendeiros para combater quilombos e tribos indígenas que atacavam cidades e engenhos.

- Bandeira de Raposo Tavares – ocorrida entre 1598 e 1658, partiu da cidade de São Paulo em direção às regiões sul e centro-oeste do Brasil. Tinha como principal objetivo a captura de indígenas. 

Sugestão de Leitura
Entradas e Bandeiras
Autor: Volpato, Luiza Rios Ricci
Editora: Global

Temas: Entradas, Bandeiras, Bandeirantes, História do Brasil Colonial

REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS NO BRASIL COLONIAL - RESUMO, CAUSAS, EXEMPLOS

REVOLTAS EMANCIPACIONISTAS NO BRASIL COLONIAL - RESUMO, CAUSAS, EXEMPLOS


O que foram
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte anseio de conquistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Estes movimentos possuíam certa organização política e militar, além de contar com forte sentimento contrário à dominação colonial.

Causas principais
- Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o Brasil.
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações comerciais com Portugal, além de ser impedido de desenvolver indústrias.
- Privilégios que os portugueses tinham na colônia em relação aos brasileiros.
- Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que tinham que ser seguidas pelos brasileiros.
- Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as ordens e leis vinham de Portugal.
- Punições violentas contra os colonos brasileiros que não seguiam as determinações de Portugal.
- Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimentos separatistas ocorridos em outros países (Independência dos Estados Unidos em 1776 e Revolução Francesa em 1789).

Principais revoltas emancipacionistas:

Conjuração Mineira
Foi um movimento separatista ocorrido na cidade de Vila Rica (Minas Gerais) no ano de 1789. Teve como principal causa os altos impostos cobrados sobre o ouro explorado nas regiões das minas e também da criação da derrama. Teve como líderes intelectuais, poetas, militares, padres e até um alferes (Tiradentes). Tinha como objetivo, após a independência, implantar o sistema republicano no Brasil, criar uma nova Constituição e incentivar o desenvolvimento industrial. O movimento foi denunciado ao governo, que o reprimiu com violência. Os líderes foram condenados a prisão ou exílio. Tiradentes foi condenado a morte na forca.  
Conjuração Baiana
Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ocorrida na Bahia em 1798. Teve a participação de pessoas do povo, ex-escravos, médicos, sapateiros, alfaiates, padres, entre outros segmentos sociais. Teve como causa principal exploração de Portugal, principalmente no tocante a cobrança elevada de tributos. Defendiam a liberdade com relação a Portugal, a implantação de um sistema republicano e liberdade comercial. Após vários motins e saques, a rebelião foi reprimida pelas forças do governo, sendo que vários revoltosos foram presos, julgados e condenados. 

Revolução Pernambucana
 Foi um movimento separatista ocorrido em Pernambuco em 1817. Teve como causas principais a exploração metropolitana e a cobrança de impostos sobre os colonos brasileiros. Teve a participação da classe média, populares, padres, militares e membros da elite. Motivados pelos ideais iluministas (liberdade e igualdade), os revoltosos pretendiam libertar o Brasil do domínio português e instalar o sistema republicano no país. Assim como os outros movimentos, foi reprimido fortemente pelas forças militares do governo. Os líderes foram presos e alguns participantes condenados à morte. 

Bibliografia Indicada:
 - As rebeliões coloniais (coleção Para conhecer melhor)
Autor: Bellomo, Harry Rodrigues
Editora: FTD
Temas: História do Brasil Colonial


AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL



As Capitanias hereditárias foi um sistema de administração territorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandes faixas e entregar a administração para particulares (principalmente nobres com relações com a Coroa Portuguesa).

Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de colonizar o Brasil, evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam o nome de Capitanias Hereditárias, pois eram transmitidas de pai para filho (de forma hereditária).

Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania eram conhecidas como donatários. Tinham como missão colonizar, proteger e administrar o território. Por outro lado, tinham o direito de explorar os recursos naturais (madeira, animais, minérios).

O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco deram certo. Podemos citar como motivos do fracasso: a grande extensão territorial para administrar (e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os constantes ataques indígenas.

O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal.

Capitanias Hereditárias criadas no século XVI:

Capitania do Maranhão
Capitania do Ceará
Capitania do Rio Grande
Capitania de Itamaracá
Capitania de Pernambuco
Capitania da Baía de Todos os Santos
Capitania de Ilhéus
Capitania de Porto Seguro
Capitania do Espírito Santo
Capitania de São Tomé
Capitania de São Vicente
Capitania de Santo Amaro
Capitania de Santana


01 - O BRASIL COLONIAL - por Bóris Fausto - parte 01


Sucesso exibido pela TV Escola, a série é narrada pelo historiador Bóris Fausto, que por meio de documentos e imagens de arquivo, traça um panorama político, social e econômico do país, desde os tempos coloniais até os dias atuais..

HISTÓRIA DO BRASIL POR BÓRIS FAUSTO - REGIME MILITAR (vídeo completo)

HISTÓRIA DO BRASIL POR BÓRIS FAUSTO - A ERA VARGAS (vídeo completo)

O GOVERNO JUSCELINO KUBISTSCHEK - Texto e vídeo



A conturbada escalada ao poder de JK
Com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, a União Democrática Nacional (UDN) - corrente política aliada aos militares e fortemente opositora do governo varguista - viu frustrados os seus planos de realizar um golpe de Estado e tomar o poder. A atmosfera política nacional tornou-se muito instável a partir disso. Porém, apesar de os rumores de um assalto ao poder pelos udenistas terem se alastrado durante todo o ano de 1955, as eleições presidenciais desse período ocorreram normalmente. É aí que surgiria a figura de Juscelino Kubitschek, ex-governador de Minas Gerais, que se candidataria à presidência pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Juntamente com o candidato a vice João Goulart, JK venceria os adversários da UDN, os candidatos general Juarez Távora e Milton Campos.
Contudo, o presidente eleito não assumiria o cargo em um processo sucessório tranquilo. Isso porque, enquanto não chegava o momento de sua posse, haveria uma tentativa de golpe por parte dos udenistas. Em novembro de 1955, Café Filho, que havia assumido temporariamente a Presidência por conta da morte de Vargas, teve de ser afastado do cargo por motivos de saúde. E nesse meio tempo, enquanto o presidente da Câmara, e aliado dos golpistas, Carlos Luz, iria substituí-lo, a UDN e setores da marinha/aeronáutica tentaram tomar o poder. Entretanto, eles não tiveram êxito, pois o ministro da Guerra, o general Teixeira Lott, antecipou-se aos udenistas, depôs Carlos Luz e entregou o governo a Nereu Ramos, presidente do Senado. Com isso, o general Lott garantiu o direito à posse de Juscelino Kubitschek, que iria enfrentar e vencer ainda mais duas tentativas de assalto ao poder durante seu governo.
O posicionamento político de Juscelino Kubitschek
Segundo os historiadores especializados no governo JK, este último teria representado um período politicamente estável do Brasil, em que a democracia liberal pôde se manifestar através de uma liberdade política e de expressão. Entretanto, esses estudiosos lembram que essa relativa estabilidade só foi possível porque Kubitschek buscou sustentar, ao lado de uma posição inovadora quanto ao desenvolvimento econômico do país, uma aliança política conservadora, que satisfazia os interesses da classe média tradicional, da burguesia comercial e da oligarquia rural.
Assim, pode-se dizer, de maneira bem geral, que o governo JK buscou conciliar uma política modernizante com outra de caráter conservador.
Além disso, ao mesmo tempo em que soube atrair o apoio da classe empresarial, JK tolerou as ações dos comunistas e controlou as reivindicações sindicais, apoiando os trabalhistas por meio de seu vice, João Goulart.
O desenvolvimentismo e o Plano de Metas
"50 anos em 5" foi o grande lema do governo JK, uma vez que nesse contexto a sociedade brasileira estava marcada pela ideologia da superação do atraso econômico e do rápido avanço industrial do país. Ou seja, na mentalidade da década de 1950, o Brasil deveria superar rapidamente sua condição de país subdesenvolvido através de uma política desenvolvimentista, isto é, de um projeto dirigido pelo Estado com o objetivo de modernizar o país e equipará-lo aos países plenamente industrializados. Portanto, a criação do Plano de Metas de JK só foi possível graças a um processo histórico no qual o Brasil estava, gradualmente, deixando de ser predominantemente agrário-exportador e se tornando um Estado industrializado. Esse Plano apresentava metas que deveriam ser cumpridas entre 1956 e 1961 e deveriam atingir as seguintes áreas: educação, alimentação, transporte, energia e infraestrutura/indústria de base.
Tendo em vista fomentar o desenvolvimento do país, JK também abriria o país ao capital internacional, transformando este último em um sócio do processo brasileiro de industrialização. Assim, é a partir dessa época que cerca de 400 multinacionais começam a se instalar no país, destacando-se principalmente as do ramo automobilístico. Essas indústrias traziam capital e nova tecnologia para o Brasil e, em troca, lucravam muito com a mão-de-obra barata que encontravam aqui. Além disso, o governo também investiu na expansão das usinas hidrelétricas; na abertura de novas rodovias que integraram regiões até então isoladas umas das outras; na expansão da indústria do aço; na instalação da indústria de construção naval, etc.
Algumas consequências do modelo desenvolvimentista
Embora o país tenha progredido na ampliação de sua infraestrutura e o projeto de avanço na industrialização tenha sido bem-sucedido, também surgiriam problemas sociais decorrentes das medidas econômicas implantadas durante o governo JK. A longo prazo, a instalação de multinacionais e o aumento de ofertas de emprego acabou por gerar uma migração interna que, por sua vez, ocasionou um inchaço urbano desordenado em algumas regiões do Brasil. Ou seja, o crescimento não planejado das cidades fez com que a demanda por serviços públicos crescesse exponencialmente e saísse do controle das autoridades públicas. Com isso, as pessoas que saíram do campo em busca de um emprego melhor nas indústrias tiveram de se deparar com uma situação subumana nos grandes meios urbanos. E nos meios rurais também haveria uma crise, pois não houve investimentos do governo nessas regiões. A ausência de uma reforma agrária e o crescente êxodo rural tornaram a situação ainda mais complexa, provocando tensões que dariam origem aos movimentos reivindicatórios das Ligas Camponesas.
O crescimento da inflação e o aumento da dívida externa também foram algumas das heranças nefastas do desenvolvimentismo e da consequente subordinação do capital nacional ao estrangeiro. A partir daquela época, os preços dos bens de consumo começaram a subir sem a contrapartida de um reajuste dos valores dos salários dos trabalhadores.
O significado político da construção de Brasília
A construção da futura capital do Brasil se tornou uma das metas mais representativas do governo JK, simbolizando uma utopia nacionalista de modernização e integração do território brasileiro, de acordo com o ideário do desenvolvimentismo. Tinha-se como objetivo fazer coincidir o centro político-decisório do país com o seu centro geográfico, representado pelo Planalto Central. Ao transferir a capital federal do país da cidade do Rio de Janeiro para a região central do país, até então praticamente isolada do restante do território nacional, Kubitschek criou um projeto que pretendia representar a diminuição do atraso e das disparidades regionais do Brasil. Arquitetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, Brasília foi oficialmente inaugurada em 21 de abril de 1960, o que também não deixa de ser simbólico, visto que essa é a data da morte de Tiradentes. Para os ideólogos do governo JK, a interiorização da capital federal era o alcance de uma meta-síntese por parte da nação, pois ela seria uma imagem monumental do desenvolvimento e da autonomia conquistados pelo país. Contudo, apesar de ter estimulado o povoamento da região Centro-Oeste e a construção de rodovias importantes que a ligassem a outras regiões do país, não se pode esquecer que ela contribuiu para o aumento dos gastos públicos e, por conseguinte, para o endividamento do Estado.

BIBLIOGRAFIA
GOMES, Ângela de Castro (org.). O Brasil de JK. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1991.
MARANHÃO, Ricardo. O Governo Juscelino Kubitschek. São Paulo: Brasiliense, 1994.
REIS JÚNIOR, Reinaldo de Lima. Cidade, Trabalho e Memória: os trabalhadores da construção de Brasília (1956-1960). Rio de Janeiro: E-papers, 2010.

Agora que você já leu o texto assista ao vídeo e saiba mais sobre o governo JK


domingo, 26 de outubro de 2014

HISTÓRIA DO BRASIL - JUSCELINO KUBITSCHEK



Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em Diamantina (MG) no dia 12 de setembro de 1902, filho de João César de Oliveira e de Júlia Kubitschek. Ingressou no seminário diocesano em 1914. Aos 15 anos incompletos concluiu o curso de humanidades, abandonando então o seminário, já que não sentia vocação para o sacerdócio.
Em 1919 foi trabalhar na Repartição Geral dos Telégrafos. Exerceu a função de telegrafista até se formar pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte.
Diplomando-se em dezembro de 1927, foi trabalhar na Clínica Cirúrgica da Santa Casa de Misericórdia, na capital mineira. Posteriormente seguiu para Paris com o objetivo de especializar-se em urologia. Ao regressar, além de reassumir seus empregos em Belo Horizonte, montou seu próprio consultório. Em 1931 foi nomeado para integrar o corpo de médicos do Hospital Militar da Força Pública do estado de Minas Gerais. Em dezembro casou-se com Sara Gomes de Lemos, pertencente a família de grande prestígio no estado.
Com o falecimento súbito de Olegário Maciel em 5 de setembro de 1933, agitou-se o cenário político mineiro para a escolha de seu sucessor. Em 12 de dezembro Vargas deu uma solução inesperada ao caso, nomeando Benedito Valadares interventor federal. Este, ao tomar posse no dia seguinte, convidou Juscelino para exercer a chefia de seu Gabinete Civil.
No exercício da chefia do Gabinete Civil de Valadares, Juscelino tornou-se uma espécie de "advogado" das causas de seu município natal. Em abril de 1934, por influência de Valadares, filiou-se ao Partido Progressista de Minas Gerais (PP) com o objetivo de concorrer ao cargo de deputado federal nas eleições de outubro seguinte. Em setembro foi indicado por Antônio Carlos para ocupar a secretaria do partido.
Realizadas as eleições em outubro, Juscelino foi eleito para seu praimeiro mandato parlamentar, iniciado em maio de 1935. Ante a necessidade de permanecer no Rio de Janeiro, então capital da República, licenciou-se do cargo que ocupava no Hospital Militar, bem como das funções que exercia na Santa Casa de Misericórdia em Belo Horizonte.
Diante da agitação reinante no cenário político, Vargas, com o apoio das forças armadas, antecipou o golpe para o dia 10 de novembro de 1937. Fechando nesse dia o Congresso Nacional, instituiu o Estado Novo e assumiu poderes ditatoriais. Juscelino perdeu seu mandato na Câmara e retornou à medicina, reassumindo as funções de chefe do Serviço de Urologia do Hospital Militar em Belo Horizonte. Em fins de 1938 foi promovido a tenente-coronel da Força Pública e, simultaneamente, nomeado chefe do Serviço de Cirurgia do Hospital Militar.
Em fevereiro de 1940 foi convidado por Benedito Valadares para assumir o cargo de prefeito de Belo Horizonte. Durante a entrevista, negou-se a aceitar a nomeação por não desejar, mais uma vez, afastar-se da medicina. Entretanto, dois meses depois do convite inicial, tomou conhecimento de que Valadares mandara publicar no Minas Gerais, órgão oficial do estado, o decreto de sua nomeação para a prefeitura da capital. Considerando o fato consumado, Juscelino tomou posse no cargo no dia seguinte.
Embora ocupando o cargo de prefeito, permaneceu na chefia do Serviço de Cirurgia do Hospital Militar, onde continuou a operar todas as manhãs, e assumiu ainda a chefia do Serviço de Urologia da Santa Casa de Misericórdia. Além dessas atividades proporcionava, pessoalmente, assistência médica a numerosas famílias pobres. Só abandonaria o exercício da medicina no início de 1945, quando passou a dedicar-se exclusivamente à vida política.
Preocupado em remodelar a cidade de Belo Horizonte, Juscelino abriu grandes avenidas e dedicou-se às obras de infra-estrutura da cidade, removendo e ampliando as redes de esgoto e abastecimento de água, além de construiu o conjunto arquitetônico de Pampulha, um dos maros da moderna arquitetura brasileira, projetado por Oscar Niemeyer.
Em março de 1945, quando os agrupamentos que dariam origem aos novos partidos políticos já se organizavam, participou ativamente dos trabalhos de criação do Partido Social Democrático (PSD), que seria formado principalmente em torno dos interventores, com o apoio de Vargas. No dia 8 de outubro reuniu-se em Belo Horizonte a comissão executiva do PSD mineiro com o objetivo de indicar os candidatos do partido à Assembléia Nacional Constituinte. Dentre os concorrentes às cadeiras de deputado federal, teve seu nome lançado.
Com a deposição de Vargas pelas forças armadas em 29 de outubro, assumiu o poder o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro José Linhares. Uma de suas primeiras medidas foi substituir os interventores por representantes do Poder Judiciário e afastar os antigos prefeitos. Juscelino foi então substituído pelo engenheiro João Gusmán Júnior.
O resultado do pleito de 2 de dezembro de 1945 conferiu ampla vitória ao PSD tanto no nível estadual como nacional. Dutra conquistou a presidência da República e Kubitschek foi o segundo candidato mais votado em seu estado, iniciando o mandato ao se instalar a Constituinte em fevereiro de 1946. Promulgada a nova Carta em setembro de 1946, a Assembléia Constituinte foi transformada em Congresso ordinário, permanecendo Juscelino no exercício de seu mandato na Câmara Federal.
A partir de março de 1947 desencadeou franca oposição ao governo de seu estado. De maio a julho de 1948 viajou aos Estados Unidos e Canadá. Segundo suas memórias, essa viagem teria exercido grande influência em suas concepções político-administrativas, por convencê-lo de que o Brasil só atingiria um pleno desenvolvimento com um processo de industrialização intenso e diversificado.
Em 20 de julho de 1950, uma comissão executiva do PSD escolheu Kubitschek para disputar as eleições. Sua candidatura foi finalmente homologada em 30 de julho, durante a convenção do PSD mineiro. Getúlio Vargas elegeu-se presidente da República e Juscelino Kubitschek conquistou o governo mineiro. Em 31 de janeiro de 1951 ambos tomaram posse nos cargos para os quais haviam sido eleitos.
A base de sua administração seria o binômio energia e transporte. Tinha como meta prioritária retirar o estado de Minas da posição de estado agropastoril e lançá-lo na fase da industrialização.
Em fins de 1954 as eleições foram realizadas na data prevista. Por aquela época já se tornara público que Juscelino pretendia concorrer no ano seguinte ao pleito presidencial. Em princípios de novembro o PSD decidiu definitivamente indicar um candidato próprio. O nome de Juscelino se impunha, quase sem divergências, à consideração da liderança do partido. Entretanto, além da oposição dos udenistas e de certos setores militares, teria de enfrentar o problema da sucessão estadual, pois se fosse candidato seria obrigado a deixar o governo mineiro dez meses antes de expirar o mandato.
Teve sua candidatura homologada pela convenção nacional do PSD que se reuniu em 10 de fevereiro de 1955. Após o lançamento oficial de sua candidatura, a movimentação contra as eleições e a favor da intervenção dos militares tornou-se mais evidente. Juscelino era tido como comprometido com as forças getulistas destronadas em agosto de 1954.
Em 31 de março desincompatibilizou-se do governo de Minas Gerais. No dia 4 de abril, em comício realizado em Jataí (GO), assumiu o compromisso de transferir a capital do país para o planalto Central, caso fosse eleito. O programa de seu governo, organizado com o auxilio de uma equipe de técnicos, constituía o famoso Programa de Metas.
No dia 13 de abril o diretório nacional do PSD aceitou a indicação do PTB para que seu líder, João Goulart, figurasse na chapa de Juscelino como candidato à vice-presidente. A candidatura de ambos foi homologada pelo PTB cinco dias depois, durante a convenção nacional do partido.
Garantidas pelas tropas do Exército, em 3 de outubro realizaram-se as eleições, cuja apuração foi concluída em meados do mês. Logo após a divulgação dos resultados, a União Democrática Nacional (UDN) e seus aliados deram início a uma batalha judiciária com o objetivo de anular as eleições e impedir a proclamação dos candidatos eleitos.
Liderados por Carlos Lacerda, setores udenistas passaram a pregar abertamente a deflagração de um golpe militar. Na manhã do dia 3 de novembro, o presidente Café Filho adoeceu repentinamente, transmitindo cinco dias depois o governo ao seu sucessor legal, o presidente da Câmara, Carlos Luz. Entretanto, no dia 11 de novembro, o Congresso Nacional, em sessão especial, aprovou o impedimento de Carlos Luz , dando posse na presidência da República a Nereu Ramos.
Na madrugada de 22 de novembro o Congresso aprovou o impedimento de Café Filho, confirmando Nereu Ramos como presidente legal até a posse de Juscelino, em janeiro do ano seguinte.
Ao assumir a presidência da República em 31 de janeiro de 1956, Juscelino solicitou ao Congresso a abolição do estado de sítio, no que seria logo atendido. Para imprimir um cunho ainda mais democrático à sua gestão, também aboliu, no dia seguinte, a censura à imprensa.
Logo no início de seu governo defrontou-se com séria oposição deflagrada por oficiais da Aeronáutica que, inconformados com sua posse, pregavam a sua deposição. Entretanto, no dia 29 de fevereiro o levante já havia sido totalmente debelado. Uma vez encerrado o episódio, Juscelino enviou ao Congresso um projeto de lei concedendo anistia ampla e irrestrita a todos os civis e militares que tivessem participado de movimentos políticos ou militares no período de 10 de novembro de 1955 a 19 de março de 1956.
Em 18 de abril assinou, no aeroporto de Anápolis (GO), a mensagem a ser enviada ao Congresso, juntamente com o projeto de lei propondo a transferência da capital da República para o planalto Central. A despeito da séria resistência por parte da UDN em relação à transferência da capital do país, o projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional. Em 19 de setembro Juscelino sancionou a lei que fixava os limites do futuro Distrito Federal e autorizava o governo a instituir a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).
Em fins de 1956, atendendo a reivindicação da Marinha e da Aeronáutica, autorizou a compra do porta-aviões Minas Gerais, fabricado na Inglaterra. O fato suscitou grave crise entre as duas armas, pois a Marinha, apesar dos fortes protestos da Aeronáutica, reivindicava controle da aviação embarcada no porta-aviões. A questão iria estender-se por governos posteriores, só sendo resolvida em agosto de 1964 pelo presidente Humberto Castelo Branco, que garantiu à Aeronáutica a posse das aeronaves embarcadas.
Também no final de 1956, o recrudescimento no cenário mundial da chamada guerra fria, e o interesse norte-americano em ampliar suas instalações defensivas contra a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), fizeram com que o embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) no Brasil, Ellis Briggs, em nome de seu país, solicitasse permissão ao governo brasileiro, no sentido de ser instalada em Pernambuco uma estação de rastreamento de foguetes. Kubitschek submeteu o assunto aos ministros militares, os quais vetaram o local escolhido, sugerindo o território de Fernando de Noronha. Em 17 de dezembro foi assinado o acordo que tinha por base os termos e resoluções do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, de 1947, e do Acordo de Assistência Militar, de 1952.
Em março de 1957, em concurso organizado por Oscar Niemeyer, foi aprovado o plano-piloto de autoria do arquiteto e urbanista Lúcio Costa para a construção de Brasília.
Ainda em 1957 , depois de pleitear empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), conhecido como Banco Mundial, foi proposto o reatamento das relações comerciais com a URSS tendo em vista, sobretudo, o interesse na venda do café. Todavia, o ministro da Guerra, general Lott, opôs-se resolutamente à medida, alegando motivo de segurança nacional.
Em março de 1958 uma terrível seca assolou o Nordeste. Devido ao estado de emergência configurado, Kubitschek seguiu, em 17 de abril, para o interior do Ceará, não só para avaliar a gravidade da situação, como para visitar as obras do açude de Araras, regressando três dias depois.
Em fins de 1958, contrária à transferência da capital da República, a UDN tomou iniciativas para adiar o evento. Carlos Lacerda requereu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que intimava os diretores da Novacap e todos os empreiteiros das obras a prestarem depoimento alegando irregularidades na construção de Brasília. Entretanto, as forças que apoiavam o governo comprometeram-se a adiar a CPI até a inauguração da nova capital.
No dia 17 de junho tornou-se público o rompimento de Juscelino com o FMI, provocado pela recusa do governo brasileiro em ceder às exigências do órgão para a concessão de financiamentos. A população do Rio, representada por suas organizações de classe, compareceu em massa ao Palácio do Catete em atitude de solidariedade ao presidente, portando faixas e cartazes em favor do estabelecimento de relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética e a China Popular.
Em julho, ainda em meio à celeuma decorrente da ruptura do governo com o FMI, Walter Moreira Sales foi nomeado embaixador do Brasil em Washington. Ernâni Amaral Peixoto, que exercia essas funções, assumiu o Ministério da Viação e Obras Públicas em substituição a Lúcio Meira, que substitui Roberto Campos, exonerado também neste mês da presidência do BNDE.
Diante da tensão reinante no cenário político, no início de 1959 o governo chegou a ameaçar a decretação do estado de sítio. Em março deste ano o Nordeste foi submetido novamente a uma situação dramática, pelo desabamento de fortes temporais que ameaçavam a população com enchentes e inundações.
Em 21 de abril de 1960 Kubitschek declarou inaugurada a nova capital, Brasília. Durante a primeira reunião ministerial realizada no Palácio do Planalto, assinou mensagem dirigida ao Congresso, propondo a criação da Universidade de Brasília (UnB).
Durante a primeira reunião de seu ministério, realizada no dia 1º de fevereiro de 1956, Juscelino expôs seu plano de governo - o Programa de Metas - e instituiu o Conselho de Desenvolvimento, órgão controlador da economia, diretamente subordinado à Presidência, designando para integrá-lo os ministros de Estado, os chefes dos gabinetes Civil e Militar e os presidentes do Banco do Brasil (BB) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE).
Em princípios de outubro de 1957, o ministro da Fazenda José Maria Alkmin compareceu à reunião da junta de governadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), conhecido como Banco Mundial, realizada em Washington.
No intuito de atender às exigências do FMI, Lucas Lopes elaborou o Plano de Estabilização Monetária (PEM), que estabelecia uma rigorosa política antiinflacionária. Embora considerasse relevante a adoção dessa política ante a delicada situação financeira do país, Juscelino mostrou-se intransigente em relação à liberação das verbas destinadas ao Programa de Metas.
No âmbito econômico, ao assumir a presidência Juscelino herdou a difícil situação dos governos Vargas e Café Filho. A superprodução do café, os déficits do Tesouro e perda do poder de compra das exportações formavam na época, segundo analisou o economista Carlos Lessa, um "quadro impressionante de desequilíbrios econômicos".
Embora a economia acusasse instabilidade e crescente inflação, o ministro da Fazenda, José Maria Alkmin, propôs-se basicamente a impedir que os desequilíbrios tomassem vulto a ponto de comprometer o êxito do programa desenvolvimentista de Kubitschek.
O Programa de Metas, destinado sobretudo a promover o desenvolvimento acelerando o processo de industrialização, teve vários de seus objetivos consideravelmente ultrapassados em relação aos previamente estipulados. Para a implementação desse programa foram criados grupos de trabalho subordinados ao Conselho de Desenvolvimento.
Além dos estímulos permitidos pela legislação que favorecia a entrada de capital estrangeiro, o governo dispunha de outra importante fonte para angariar recursos. Através do BNDE assegurava o acesso a créditos do exterior aos empresários, que assumiam a co-responsabilidade pela liquidação do débito. A grande entrada de capital estrangeiro foi, no entanto, a principal fonte de oposição à política econômica de Juscelino, notadamente por parte da esquerda. De um lado, o mecanismo de proteção às manufaturas de origem nacional obrigava as empresas norte-americanas a investir diretamente no Brasil, a fim de não perderem o mercado. Do outro, o governo concedia isenções e privilégios, permitindo que aquelas empresas importassem bens de produção, sem cobertura cambial, enquanto negava o mesmo direito às brasileiras.
Como a participação inicial do capital norte-americano para a execução do Plano de Metas era irrisória, o processo de aceleração industrial encontrou viabilidade na entrada de capitais europeus e japoneses. Entretanto, a entrada destes capitais, notadamente do alemão, fortaleceu no Brasil a área de resistência aos Estados Unidos, ao mesmo tempo que impeliu este país a incrementar os investimentos na indústria brasileira para manter e consolidar sua hegemonia.
O complexo Plano de Estabilização Monetária (Pem) envolvia sérias providências corretivas nos setores da moeda, do crédito, das finanças públicas e salários e do balanço de pagamentos. Diante da difícil situação financeira do país, ao ser discutido no Congresso, o Pem sofreu inúmeros cortes e modificações. A solução encontrada foi a sustentação do plano, com as emendas introduzidas e a simultânea concessão de um "abono de emergência" ao funcionalismo civil e militar da União.
Enquanto aguardava a decisão do Congresso, Lucas Lopes, com o objetivo de minorar os efeitos da crise financeira, tomou medidas corretivas, comprimindo as despesas, controlando com rigor a política de liberação de verbas, sustando a execução de obras consideradas adiáveis e alterando substancialmente o nível das taxas de câmbio.
Em represália ao pouco interesse demonstrado pelos EUA em empreender um programa de assistência ao Brasil e aos outros países da América Latina, em novembro de 1958, Juscelino manifestou-se publicamente pelo reatamento das relações comerciais com a União Soviética e outros países socialistas, sob aplausos de líderes sindicais que compareceram ao Catete.
Em 1959, quando o Pem entrou em execução, determinando uma vertiginosa elevação dos preços, ocorreu forte reação popular em oposição às medidas implementadas. Entretanto, como essa política de estabilização foi considerada insatisfatória pelo FMI, Lucas Lopes seguiu para os EUA, assumindo o compromisso, junto às autoridades daquele órgão, de ampliar as medidas corretivas do Pem.
Embora o FMI aceitasse a contraproposta do Brasil, os jornais ligados a esse organismo desencadearam uma campanha de descrédito contra a economia brasileira. Tendo Lucas Lopes adoecido repentinamente, Juscelino decidiu conduzir as negociações com o FMI. Assim, ao se iniciar o mês de junho de 1959, Juscelino teve que optar por uma atitude a ser assumida pelo governo: ou submeteria o país às condições exigidas pelo FMI ou romperia com aquela entidade. Decidido a dar prosseguimento ao programa desenvolvimentista, optou pela ruptura com o FMI.
A política econômica do governo Kubitschek teria fortes repercussões sobre o processo de sucessão presidencial. Nas eleições realizadas em 3 de outubro de 1960, o candidato apoiado pela UDN, Jânio Quadros, obteve esmagadora vitória, apesar da reeleição de João Goulart à vice-presidência da República. Em 31 de janeiro de 1961, Kubitschek transmitiu o poder a Jânio Quadros. Nas eleições extraordinárias realizadas em 4 de junho de 1961, Juscelino elegeu-se senador por Goiás na legenda do PSD.
Em 31 de março de 1964 eclodiu o movimento militar que depôs Goulart. No dia 7 de daquele mês, Juscelino, em encontro proposto por Castelo Branco, manteve com este conversações acerca do problema sucessório. Ante o declarado interesse de Castelo Branco em concorrer às eleições presidenciais, apoiou essa pretensão. No dia 9 de abril, o Comando Supremo da Revolução promulgou o Ato Institucional Nº 1 (AI-1), que determinava a eleição dois dias depois, pelo Congresso Nacional, do presidente da República, que exerceria o poder até 31 de janeiro de 1966, quando seria empossado seu sucessor a ser eleito pelo sufrágio popular. O AI-1 também outorgava ao chefe do Executivo o poder de cassar mandatos parlamentares e suspender direitos políticos.
Em 3 de junho de 1964, Costa e Silva formulou o pedido de cassação de Juscelino. Enquanto o processo caminhava o PSD procurou sustá-lo. Em 8 de junho de 1964, porém, foi assinado o ato - divulgado dois dias depois - que cassava o mandato de Juscelino e suspendia seus direitos por dez anos, provocando a imediata decisão do PSD de retirar-se do bloco parlamentar de apoio ao presidente Castelo Branco.
Decidindo exilar-se, Juscelino seguiu para a Europa no dia 14 daquele mês. Em 4 de outubro de 1965, após longa permanência na Europa, parte na França e parte em Portugal, voltou ao Brasil, contrariando a direção do PSD e sendo recebido em meio a grande manifestação por parte de seus correligionários.
Em face da sucessão de inquéritos policiais-militares perante os quais foi convocado para prestar depoimento, Juscelino decidiu ausentar-se de novo do país. Só retornaria ao Brasil em junho de 1966, quando foi autorizado pelo governo a permanecer no país por 72 horas a fim de assistir aos funerais de sua irmã.
Em setembro de 1966 a imprensa divulgou a constituição de uma frente política - a Frente Ampla - que reunia Lacerda, seu principal articulador, Kubitschek e Goulart.
Em março de 1967, já estando Costa e Silva na presidência, foi por várias vezes noticiado o lançamento de um manifesto da Frente Ampla. Em maio Juscelino retornou definitivamente ao Brasil, fixando residência no Rio de Janeiro. Embora tivesse obtido do governo a garantia de plena liberdade de movimento, foi advertido de que estaria sujeito a prestar depoimentos nos inquéritos em que estivesse envolvido. Ainda em 1967, Juscelino assumiu o cargo de diretor-presidente do conselho administrativo do Banco Denasa de Investimento, de cuja organização participara.
O agravamento da situação política levou o governo a um enrijecimento de suas posições, extingüindo a Frente Ampla no dia 5 de abril de 1968. Com a extinção do movimento, Juscelino abandonou definitivamente o cenário político, dedicando-se à área empresarial.
Em junho de 1974 foi eleito membro da Academia Mineira de Letras. Em 18 de junho de 1976 recebeu o troféu "Juca Pato" conferido pela União Brasileira de Escritores, em São Paulo, por ter sido eleito o intelectual do ano de 1975. Por essa época, abandonou suas funções junto ao Banco Denasa, passando a dedicar-se à administração da fazenda que possuía em Luziânia (GO). Em 22 de agosto de 1976 faleceu, vítima de desastre sofrido na via Dutra, nas proximidades de Resende (RJ).
Em abril de 1980, teve início em Brasília a construção de um monumento em homenagem a Juscelino - O Memorial JK - projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em 12 de setembro, dia em que JK completaria 79 anos, dona Sara e o presidente João Batista Figueiredo inauguraram o Memorial JK, no qual seria instalado um museu e uma biblioteca.

[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]